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sábado, 11 de maio de 2019

“ORGANIC FOOD”


Malmequeres conversam numa jarra enferrujada. A água, maliciosa, ouvia preguiçosa, palavras que fugiam da sua azia. 
Choviam cântaros animados, trazidos por saltimbancos em adiantado estado de desemprego. As palavras importantes tardavam a acontecer, e as canecas do vinho, sem tragos, começavam a desconfiar. 
O desespero é sempre uma ideia muito mal suportada. Fala-se sempre tardiamente da sua notícia. E, nem sempre se encontra o fato adequado para vestir. Ninguém rega o jardim das sombras, embora toda a gente queira arranhar a flor da esperança. Pede-se amizade, agora numa qualquer rede social. É simples de adquirir. Pode saber bem, mas geralmente faz mal. Talvez seja como a “organic food”. 
Que deus me ajude! 
Que me ampare a diarreia! 
Não comungo desta ideia! 
Tragam-me uma bifana! 
Há cheiros que me cansam de um modo abusivo. Enjoo sem motivo, e, é bem verdade que não interajo facilmente. Por acaso, nem acho isso indecente. Até porque não gosto de ficar com o optimismo em banho-maria. 
Uma jarra ensanguentada, mostra-se cansada da água destinada, para afogar as lágrimas do silêncio por vezes inquietante. Os filmes bons são aqueles que ainda alimentam a nossa memória. 
E, convém saber, que a memória é um prazer que não cabe em toda a gente.



,2019abr_aNTÓNIODEmIRANDA


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