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quarta-feira, 15 de maio de 2019

COM OS PÉS ASSENTES NO CHÃO, COMO CONSEGUIREI TIRAR AS CALÇAS?

Cá estamos!
Eu e a habitual espera, riscada neste desencontro com vista marcada para o abismo. “Os grandes poetas morrem em fumegantes tachos de merda”. 
Bukowski continua a ter razão. 
Uma conversa tranquila com palavras molhadas no hálito de uma garrafa de whiskey, livre como um tiro saído do meu olhar, será sempre um alibi perfeito.
E isto é proibido, segundo o regulamento da delinquência conformada. Se as pessoas do costume não aparecerem, é sinal que a minha coerência não é limpa numa lavandaria. 
Descongelar gatafunhos, amaciá-los numa cozedura a vapor, parir um vomitado decente, e embebedar o céu com restos de ternura. Pagar o que dizem que devemos, em suaves prestações mentirosas, agitar o olfacto, cortar o cinto, embelezar a noite com nuvens de fumo distraído, fincar os pés no chão e agradecer educadamente a hipotética conveniência de não conseguir tirar as calças. Esperar qualquer coisa que me surpreenda, e nunca bajular o tempo sujo com o laivo da saudade.


2018Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

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