Sabes
de mim um pouco do meu resto,
daquilo em que presto,
do nada que me
procura.
Só
sinto o que minto,
neste corpo de absinto na deriva da loucura.
No
amor são difíceis os caminhos,
na vida eles fogem pelos carris sem
destino,
com bilhete pré-comprado
para esta espécie de sonho
gravado num dvd pirata,
que não consegue fugir aos fingimentos do
autor.
Lemos
o poema dos poemas,
escrito numa língua que não entendemos,
no
rótulo da garrafa de whisky,
que nos queima a solidão.
Entremeamos
as lágrimas,
mas
os olhos sempre tristes,
já nada conseguem disfarçar
e no breve
levantar só para aconchegar
os cordões que nos apontam o chão,
dizem-nos sempre não
sabendo mais do que o devido,
desta intenção
demasiado mentirosa.
Estamos
despidos e o cansaço tão nu
como a tentativa do sorriso amestrado.
O
que sobra de nós é um vento angustiado
e já sem vontade de nos
aturar.
Asas
da prata mais ferrugenta
tentam convencer-nos desta possibilidade.
Mas
os cata-ventos atentos
que adornam as chaminés da curiosidade
soltam
gritos de dois em dois minutos,
alertando que qualquer fim é
possível.
A
história repete-se.
E
isso demonstra a nossa estupidez.
E
isso deverá ser considerado embaraçoso.
2017,jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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