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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

HIPÓTESE SEMPRE VIÁVEL

Não sei o que me espera.
Não posso medir essa hipótese.
Gelo-me em quartos de hotéis com o bafo de um reles ar condicionado que não sei respirar.
Volto a calçar as botas mais limpas que estes lençóis amarfanhados com sonhos que não são meus.
Lavo as mãos com demasiado cuidado para não sujar a mágoa.
Finjo que estou cansado na vã esperança que o sono amolgado de tanto esperar, apareça com um blues qualquer que me aconchegue os ouvidos. Não sei ver esta televisão onde parece que o filme fugiu.
Tento imaginar um postigo projectando na parede a mais audaz das cortinas.
É sempre difícil o primeiro cheiro da cidade onde nada nos pertence e nem um sorriso simpático podemos olhar na palma da mão.
No chuveiro saem lágrimas que não me molham e esta misturadora mais parece um coador de ternuras constrangidas.
Dou corda ao coração para que um aperto de mão aconteça.
Leio poemas que tenho na cabeça e invento títulos que não consigo decorar.

Adormeço ao som de cigarros cansados
e tropeço em direcção a nenhures.

Espero o que não sei.
É uma hipótese sempre viável.


2016,09aNTÓNIODEmIRANDA


Pat Andrea

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