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terça-feira, 13 de setembro de 2016

CHARLIE VOAVA SEMPRE FORA DO SONHO


 
Charlie voava sempre fora do sonho e o heróico suor que lhe molhava o sax abria-lhe continuadamente portas para que ele pudesse voar sem rumo.
Charlie tocava, tocava uma música que chorava a alma nunca repetindo obediências para só ser aquilo que pensava.
Charlie deslizava nas chaves do sax praias que ele próprio sabia nunca iriam acontecer.
E era o momento em que os anjos deixavam de ouvir deus
Charlie tocava com todo aquele suor que embalava a dor de nunca ter sido aquilo que os outros pensavam que era normal.
Charlie não era um pássaro vulgar.
Quem o poderá culpar por ter nascido com asas diferentes?
Charlie detestava o Parker.
Pensava que o enganava quando Charlie se distraía com agulhas enganadoras.
Depois da colheita acabavam sempre por se abraçar no jazz.
The Bird foi o meu primeiro camarada nesta música.
Apresentei-o sempre aos meus amigos sem qualquer laivo de vergonha sem a mínima preocupação.
Gosto muito.
E conservo religiosamente esta admiração.
Charlie ofereceu-me milagres.
Peço desculpa, mas nunca os irei entregar.



 016,09aNTÓNIODEmIRANDA
 
 
 
 
 
 



 

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