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quinta-feira, 1 de setembro de 2016

DIMITRIUS XUPAIMUS – TESSALÓNICA (Barco Barreiro/Lisboa. Depois da leitura de poemas na Partícula de Deus, com Miguel Martins e Filipe Homem Fonseca).

Dimitrius não era homem de grandes falas.
Nunca se dedicou à venda de esculturas
formato A5, made in China, ...
de Zeus Apolo Eros Hércules Dionísios
e outros que tais.
Portanto raramente falou com eles.
Para que conste.
Enrolava vagarosamente cigarros,
enquanto sentado no cais,
mirava pelo canto do copo,
já com mais de ½ dose entornada de Ouzo,
as mini saias das turistas que desciam o passadiço.
Colocava então
o seu olhar mais guloso,
endireitando ao mesmo tempo
a sua camisola de marinheiro nunca sido.
Puxava as meias branca até à barriga das pernas
não fosse estas palermas
reparar nas varizes teimosas e de mau cultivo.
Arranhava o francês, também o inglês
de modo convenientemente exagerado.
Já o alemão, deixava-o cansado.
E o que é certo, é que mesmo derreado
e com muito custo
atrevia-se ainda a ir atrás delas.
Dimitrius Xupaimus, na sua boa fé,
ortodoxamente escanhoada,
pensava às vezes,
isto é quando o Nótios tinto
não lhe toldava a ideia,
quantos filhos teria espalhados
pelos países onde nunca tinha ido
e achava estranho
que eles não falassem a sua língua
Dimitrius nunca se despedia dos cruzeiros.
Só gostava da sua chegada.
Dimitruis era um bom homem.
Era um regalo vê-lo à sexta-feira
repartir a sua refeição preferida:
O pregado
temperado
com ramos de oliveira.


(Barco Barreiro/Lisboa. Depois da leitura de poemas na Partícula de Deus, com Miguel Martins e Filipe Homem Fonseca).


,2016,Março_30aNTÓNIODEmIRANDA


 

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