Fiou-se na noite e activou as luzes de emergência percorrendo num frio sem jeito as ruas da cidade suja.
Cantava todos os medos pesando segredos cansados de serem guardados.
Num soluçar atarefado enrolava nos passos
calçadas tão gastas como a sua perda.
Fingia que via aquilo que dizia
e tocava ao de leve nas campainhas só para não se esquecer da música que há tanto o consumia.
Ninguém reparava no sonho que largava
e no desespero da sua espera sempre inútil.
Aconchegava-se na garrafa já vazia,
entregue pela única estrela que também
não adormecia.
2016,09aNTÓNIODEmIRANDA
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