Não sei que mortalha me
vestiram,
Que flores encomendaram
Para esmaltar a terra íngreme
que me pariu.
Que música tocaram
Num funesto cortejo,
Orlado com gaitas de uma
fanfarra desafinada.
Não sei em que loca me
meteram,
Nem nada da missa do corpo
ausente.
Cartões trémulos de cortesia,
Com pêsames mentirosos.
Discurso, medalha e bandeira
Embutidos numa medíocre
fantasia.
Cantaram uma quase saudade,
Com todos os andamentos
parados
Glissandos gemidos numa muda
sinfonia.
Um total sacrilégio
Para a terra que me viu partir!
E o meu futuro, foi aquilo
que há-de vir.
2016
aNTÓNIODEmIRANDA
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