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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O BRUXO DE CABRAÇÃO (PONTE DE LIMA)

 
Tinha 16 anos, e reconheço que usar vinte e tal colares ao pescoço, não era lá muito vulgar. Não que a mim importasse, mas sentia qualquer coisa de estranho, no olhar das pessoas. Eram tempos de confronto, motivados pela família do marido da minha mãe. Enfim, coisas como, é uma vergonha, ele deve ter mau olhado, no emprego deixa-me mal visto, dizia um imbecil, irmão do meu pai. Eram águas moles, sendo eu a pedra dura. Aqui a outra parte do ditado, nunca funcionou. Perante tanta preocupação, convém dizer, não inerente á minha realidade, aprazou-se uma visita ao bruxo de cabração. A mãe do meu velho, foi a mentora desta peregrinação. Coisa que não me espantou, pois eram frequentes os seus sofrimentos de barriga, acontecidos sempre que havia um clima de festa, talvez com um propósito, que educadamente, inibo-me de mencionar. Devo reconhecer que esta ideia satisfazia plenamente a minha curiosidade. Assisti, assim, a uma demonstração de desmaios, esperneares , convulsões e a acentuadas alterações na voz dos protagonistas deste espectáculo. A mãe do meu pai, foi uma interveniente activa e a minha mãe com uma crise de bipolaridade, não se manifestou. Chegada a altura da minha apresentação, e, em resposta ás perguntas dos meus acompanhantes, o padre/bruxo esclareceu que o António (eu mesmo), estava óptimo e que tinha alguns colares muito bonitos.
Os anos vão passando e continuam dar-me o tempo para tentar ser feliz.
Claro que sou diferente.
Não me concebo de outra maneira.


2015aNTÓNIODEmIRANDA

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