Tinha 16 anos, e reconheço que
usar vinte e tal colares ao pescoço, não era lá muito vulgar. Não
que a mim importasse, mas sentia qualquer coisa de estranho, no olhar
das pessoas. Eram tempos de confronto, motivados pela família do
marido da minha mãe. Enfim, coisas como, é uma vergonha, ele deve
ter mau olhado, no emprego deixa-me mal visto, dizia um imbecil,
irmão do meu pai. Eram águas moles, sendo eu a pedra dura. Aqui a
outra parte do ditado, nunca funcionou. Perante tanta preocupação,
convém dizer, não inerente á minha realidade, aprazou-se uma
visita ao bruxo de cabração. A mãe do meu velho, foi a mentora
desta peregrinação. Coisa que não me espantou, pois eram
frequentes os seus sofrimentos de barriga, acontecidos sempre que
havia um clima de festa, talvez com um propósito, que educadamente,
inibo-me de mencionar. Devo reconhecer que esta ideia satisfazia
plenamente a minha curiosidade. Assisti, assim, a uma demonstração
de desmaios, esperneares , convulsões e a acentuadas
alterações na voz dos protagonistas deste espectáculo. A mãe do
meu pai, foi uma interveniente activa e a minha mãe com uma crise de
bipolaridade, não se manifestou. Chegada a altura da minha
apresentação, e, em resposta ás perguntas dos meus acompanhantes,
o padre/bruxo esclareceu que o António (eu mesmo), estava óptimo e
que tinha alguns colares muito bonitos.
Os anos vão passando e
continuam dar-me o tempo para tentar ser feliz.
Claro que sou diferente.
Não me concebo de outra
maneira.
2015aNTÓNIODEmIRANDA
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