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quinta-feira, 20 de junho de 2019

VOU TELEFONAR AO FRANK ZAPPA

Tenho de ajardinar o caminho. Mudar de canteiro, quebrar o mundo em doces porções de simpatia não envergonhada. Recuso-me a celebrar qualquer dor, que aprisione as decisões que pretendo seguir. Estou farto desta serra, que só quer fazer de mim bocados sem alegria. Não sei colar ondas, nem juntar os pedaços, para uma absolvição inútil. Não sei onde fica o longe, deste lugar que me desocupa. Falo com vozes que não me entendem, gritos com sons que cortam, e abraços que me levam aos beijos das paredes forradas com comprimidos. Sou o mínimo do nada, envolto numa importância dirigida a uma mãe que nunca me pertenceu. Jogo sem graça, neste passar de trapaça para as pontes do precipício. Não passo de um sorriso articulado num shaker, convidado para o mais indecente cocktail. Alguém sem saber, beberá a minha indignação com pedras aborrecidas no meu desgosto. Possivelmente, embarcarei num qualquer dilúvio, agarrado a uma sorte ressequida, que , terá todo o prazer de adiar a minha salvação. Darei à costa numa maré não acontecida, escondido num abrigo condignamente não identificado. O que me falta? Ladrilhar vontades impregnadas de speed, uma loção inequívoca para o acordar, desenhos optimistas no olhar, uma perspectiva corajosa para abrir sonhos.A minha cabeça oferece-me ritmos de nenhuma nitidez, coisa que assiduamente me deslumbra. O plausível não me agrada, mas, em boa verdade, o certo não me satisfaz. Balanço os ombros com todo o cuidado, para não preocupar o esqueleto, e adoço o desejo com gotas do elixir mais afamado. Beijo na guitarra, felicidades mesmo desafinadas, com acordes não conflituosos. Desaperto o cinto das memórias obrigatórias. 
Vou telefonar ao Frank Zappa, para agendar um abraço. 



2019jun_aNTÓNIODEmIRANDA

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