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terça-feira, 25 de junho de 2019

ESTOU PRONTO

Não estou para gastar a vida observando os medos a crescer. Nunca nada comprou a beleza do tempo que me abandona. Deitado num baú de suposições, o cansaço oferece-me uma forma de envelhecer, ostentando o monstro da mentira, que diz que estou na mesma. Jogo para os bonecos, e, só me saem cabeçudos. Continuo a nada perceber da preocupação alicerçada na incoerência. Portanto, não respeito a indignação, como salada de percalços, marinada num molho de lágrimas naufragadas num horizonte enferrujado. Para isto, estou sempre pronto. Permanentemente atento para sair dos planos da glória. Continuo a esconder as lâminas que cortejam a pele. Quero queimar as acendalhas da esperança inútil, e, esfaquear as armadilhas, que um dealer sem direitos de autor, tenta vender. Trafiquei o incenso da espera, que prometia o melhor caminho de desespero. Admiro os sangues oferecidos, embora esteja sempre longe do lugar que pensava me pertencia. Não passa de um vomitado, a certeza que tenta iludir-me. Tenho no ousar, um delírio nunca acabado, um destino pré-comprado para a pousada dos beijos não magoados. Morro muitas vezes num silêncio casto, enquanto a noite me oferece um vagar abençoado, para não atrapalhar a troca dos presentes. Não consigo correr mais do que este abandono, que me ilude com a oferta perfeita, tocada no tambor da pele quebrada sem artifícios para trocar. 

Os meus heróis não passam de fantasmas. 
Estou pronto para o último carimbo no passaporte. 


2019jun_aNTÓNIODEmIRANDA

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