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quinta-feira, 20 de junho de 2019

MEMÓRIAS GLORIOSAS


Disseram-me que a recolha era para despistar uma situação, da qual eu nunca desconfiei. Uma análise corriqueira para verificar se havia sangue na minha merda. Nunca se preocuparam com os fluxos que muitas vezes, tentaram infernizar a minha vida. Fico indiferente a este mentiroso cuidado, até porque a saúde, sempre que pode, vai oferecendo ternuras que muito prezo. Este tipo de patranhas, receito-as à minha peçonha, com todo o respeito pela consideração que nutre por mim. Estou na idade mais perigosa do meu tempo, e este, quando não está distraído, conjuga um futuro com muitos presentes obscenos. Assim nos aturámos, em longas cadeiras de lona, manchadas pelas mais belas nódoas do asco. 

É um pingue-pongue que jogámos descalços, para não atrair curiosos sem escrúpulos. 
Ficamos naquele véu de fumos, enquanto o relógio vai salgando memórias gloriosas. 

2019jun_aNTÓNIODEmIRANDA

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