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sábado, 9 de abril de 2016

SOUPLESSE EM PALHA VÃ

Embrulhar-te em trapos de crochet num português pouco suave areado com um desodorizante apropriado à obliquidade da tua intenção custosa de digerir. Emparedar a falta de ideias com a argamassa das não palavras que usamos para tingir pôr-de-sois tímidos estendidos em toalhas-de-praia  de um mar onde se revolta a nossa vergonha. Sonhar. Abusar. Sonhar alto para incomodar o vizinho e distrair a polícia para que não bata tanto na ausência que nos abriga. Rezar de qualquer maneira e esperar com a fé congelada que o pipo da panela de pressão não fure o tecto da noite. Atender chamadas anónimas com a possível esperança e curiosidade do que é suposto acontecer. Sorrir até que nem fique um só osso das costas quentes, onde lábios patetas grelham poemas que nunca ninguém lia. Vestir este, o outro e aquele dia que tanto tarda a escurecer. Aparecer com a souplesse e habilidade usual. Distribuir maionese para grafitar com toda a alma e empenho qualquer chão envelhecido. Seguir a seta errada e amolar as garras num rebolo educado, lá para os lados de qualquer lugar.





,2016,04aNTÓNIODEmIRANDA

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