Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 14 de abril de 2016

A GERAÇÃO BEATNIK E A SUA CAPACIDADE DE IGNORAR A SOCIEDADE NORTE-AMERICANA DOS ANOS 50 - Written by Leon Bravo.

 
INTRODUÇÃO
A segunda guerra mundial teve seu fim e com ela surge o fim de seu alavancar econômico, que nutriu alguns países, entre eles, os EUA, que acabaram se encontrando numa grave crise, já vivida anteriormente em 1929 e que não poderia ser repetida, porque esta situação iria levar a nação a uma recessão sem precedentes. A classe dos operários contemplavam a própria ascensão com suas greves que chegavam a mais de 5000, quando chegávamos em 1946. Não seria comum que o governo, diante de tamanha pressão, viesse a aprovar o Ato do Emprego, garantindo o pleno emprego para diversos setores da indústria.
Tal ato governamental foi de muita valia, quebrando os problemas de desemprego da época do período do pós-guerra. Mas ainda havia outros problemas que causavam uma verdadeira avalanche como a inflação, a desvalorização salarial e o descontrole sindical das greves. A estabilidade do governo estava em xeque a tal ponto que eles criaram leis contra a classe dos operários, dificultando greves e usurpando poder dos sindicatos. A pressão do povo ajudou no reajusste salarial de forma bem moderada até que o clinch entre os trabalhadores havia atingido o limiar em 48 com a perseguição política, numa repressão memorável de lembrar a inquisição contra atividades antiamericanas.
Um comitê havia sido criado para que qualquer atividade cultural, política e intelectual fosse silenciada neste momento. De forma pontual, um pacote de medidas econômicas havia sido realizado para que o consumo interno se ampliasse, de compras a prazo e até mesmo financiamentos, expulsando as vibrações da recessão, permitindo que a economia respirasse mesmo diante da recém quebra promovida pelo período pós-guerra. Este movimento intenso de atividades fez com que um período de paz silenciosa se posicionasse em solo americano, graças ao contorno das reações revolucionárias e o refluxo da classe operária havia sido contornado como tanto se queria. Este foi o início da expansão econômica que transformaria os EUA, com a expansão do mercado imobiliário, a modernidade das estradas, ampliação de supermercados, a produção de novos eletrônicos.
Os bens de consumo atingiram uma dimensão nunca antes alçada que era a possibilidade da classe média atingir sua própria ascensão social e a ilusão da imprensa incutiu um dos maiores slogans já vistos na história da humanidade: "american way of life" Porque para ser parte do sonho americano, tem que se adaptar e aceitar aos novos ideais de consumo. Quanto mais bens materiais e mais conforto, mais ambição você possuí. Isso também iria criar a infinita confiança de prosperidade e a fixação do conservadorismo das mentalidade burguesa. A cereja do bolo ficou a cargo da caça aos comunistas, que criou um arquétipo de desconfiança aos intelectuais, vulgo eggheads. Estava sacramentado: os anos 50 dos EUA eram a república da mediocridade.
A força motriz do New Criticism
 
 
Kerouc, o libertário das letras.
A literatura oficial norte-americana tinha um extremado rigor formal graças ao New Criticism surgido da década de 1920, que mantinha as bases do academicismo em suas análises. Ela rejeitava a análise literária a partir de contextos sociais ou culturais, promovendo uma visão bem artifícial da autonomia, desvinculadas do contexto em que eram escritas, como se não sofressem influências externas de nada. Havia sim uma ideia monocrática de que o New Criticism era de ignorar e desprezar a discussão sobre as intenções do autor perante sua obra ou seu significado. O significado do texto importava, o significado fora do texto não. A burocracia da literatura e da vida estava devidamente imposta. As obras só deveriam ter valor pelos aspectos formais e para tanto novas formas e conceitos literários deveriam se versar para se adaptar aos tempos deste pseudo-modernismo.
Os defensores mais ferrenhos deste movimento foram William Empson, John Ransom, Cleanth Brooks, William K. Wimsatt, Robert Warren e Monroe Beardsley. Dessa forma eles criaram bareiras para o nascimento de novos autores porque eles deveriam apresentar o padrão exigido. E a opinião pública conservadora adorando o rechaçar destas publicações dos novos valores. Mas por um outro lado existiam o lado b. A técnica sofisticada aliada ao convencional naturalismo fez com que os aspectos formais dos livros se mantivessem intactos. A consequência era uma visão desesperada de uma sociedade destruída e sua decadência inevitável. A exposição do pessimismo e a perda do encanto do fragmento populacional intelectualizado. Ignorando a visão desembestada do conservadorismo e prosperidade, houve uma produção literária robusta durante as décadas de 40 e 50 com Langston Hughes, Saul Bellow, Norman Mailer, John Hersey, Flanery O'Connor, Carson McCullers, Truman Capote, James Baldwin e mais um número considerável de outros autores. O sentido da nova crítica era de acabar sendo o de escamotear as chagas sociais através de suas análises formais e estilísticas.
Com o surgimento do fenômeno On the Road, romance desenvolvido que rompia com os padrões em favor da escrita livre e expressiva, não poderia ser explicado facilmente. O que podia ser feito é engolir todo o sucesso arrebatador da época, sendo que os teóricos do New Criticism nada puderam fazer.
2."Vencidos... pela... vida."
A vivência de uma adolescência esfacelada e desnorteada pela depressão dos anos 30, na década de 40, bateram de frente com o obscurantismo da segunda guerra, em sua extensão e brutalidade sem fronteiras, introduzindo o perigo real da dizimação de cidades inteiras, quando viram a reação da bomba atômica. Isso só foi o início de um acúmulo de tensões sem precedentes que chegaram até a Guerra Fria. O sentimento destas pessoas eram de descrença total, em especial em seu âmbito moral e no que tangia a civilização capitalista. No olho do tornado dessas novidades, nascia uma geração progressivista e otimista, uma burguesia conformada dos valores e das novas possibilidades. E esse cenário social estranho e isento de sentidos fixos é que nascem os beatniks. Eles aparecem num momento de angústia existencial indefinida por tantas adversidades passadas, mas que clamava por uma mudança real, por valores revisitados e um estilo de vida genuíno e sem as máscaras debeladas do american way of life.
No seio da Universidade de Columbia um grupo de jovens mentes talentosas se conhecem e percebem que suas capacidades vão além das paredes de concreto do instituto escolar. Os bares de jazz e apartamentos pobres de Nova Iorque ganham novas expectativas com a inserção destas personalidades. E não suficiente, posteriormente eles iriam desbravar o país inteiro entre viagens, sem nenhum motivo aparente senão o de procurar entender e ver a vida de uma nova maneira. Lawrence Ferlinguetti, Hubert Huncle, Gary Snyder, Neal Cassady, Gregory Corso, David Kammerer, Lucien Carr e Carl Solomon se juntaram a três ícones que seriam os exemplos desta nova realidade. Um tímido e deslumbrado estudante universitário chamado Allen Ginsberg, unido a um ex-jogador de basquete juvenil, visto por muitos como um possível jogador profissional e um veterano da Marinha - o não tão jovem Jack Kerouac, liderados pelo chefe da matilha: o enigmático mas não menos importante, William Burroughs.
3.O berço das novas mentes pensantes
 


Jack Kerouac ganhou notoriedade entre a juventude com seu romance On the Road da forma mais simples possível: sendo diferente. Entretanto não se trata de um ser diferente desmotivado. Os norte-americanos já mantinham um certo desgaste pelos ideais do slogan “american way of life”, o que iria acontecer cedo ou tarde, e essa irritação é denotada enfurecidamente entre os beatniks. A ânsia de mudanças é uma realidade, ainda mais numa sociedade que vivia um moralismo secular e um convencionalismo extremado, que atava a mão de jovens pensadores e sonhadores. No On the Road, havia um rompimento de vida tradicionalista, é um ode contemplativo a vida marginalizada e romântica, que ia desde as viagens ao oeste americano até o misticismo engendrado e indefinido em sua maneira peculiar de compreender a vida e seu sentido. A nova moral é expressa de forma dinâmica em termos de mudança de conteúdo.
O herói do livro é Dear Moriarty (um personagem inspirado com as raízes até a carótida em Neal Cassady), um jovem marginalizado, preso algumas vezes por roubo de carros, vadiagem e bebedeira, que arruma diversos sub-empregos para manter seu estilo de vida boêmio e despretencioso. Moriarty é o ícone da rebeldia e da paixão pela vida, que ao lado de outro personagem, Sal Paradise (vulgo o alter ego de Jack Kerouac), mergulha de cabeça em uma série de caronas através dos EUA, sempre em busca da beleza no mundo, contemplando a beleza que ele via na população menos afeita de seu país.
A partir desta identificação da marginalização do ser humano é que se conhece o eixo central da literatura beat. Kerouac tinha fascínio por vagabundos, desordeiros e andarilhos que atravessam o país em trens de cargas e joyrides, enquanto Ginsberg era atraído por homoafetivos, delinquentes e pessoas que eram vistas como incompreendidas pelo sistema social daquela época. Burroughs, tinha interesse entre viver experiencias entre criminosos, fascínoras e viciados. Na visão dos autores beats, os excluídos da sociedade tinham alguma verdade ignorada pelo formalismo da hipocrisia social e dos seus valores. E com a descaracterização da roupagem civilizada, a sinceridade e a honestidade viria à tona. Segundo eles, as pessoas eram puras, quase santificadas, sendo corrompidas pelo trato social, mas que poderiam ser salvas se voltassem aos interesses originais de sua natureza, naquilo que é básico. O que fora feito antes com a roupagem punk.
Os beatniks formaram um dos maiores fenômenos culturais da segunda metade do século que explodiria com as movimentações dos anos 60 e 70. O descontentamento geral foi manifestada por uma pequena boemia e crescendo de forma vigorosa, que já existiam desde os anos 50.
O pai dos escritores beats foi Henry Miller. Sua escrita é baseada na critica aos valores da burguesia e sua abordagem explícita sobre as liberalidade sexuais e o uso de drogas, com a presença constante de personagens marginalizados e anti-heróis, ressaltando com frequência o grotesco em suas personalidades. O misticismo é relevante como similaridade com os beatniks, bem visto no livro O Pesadelo com Ar Condicionado. Apesar da cultura beatnik explodir nos EUA, o seu manifesto repúdio pelo moralismo americano fez com que Henry Miller saísse do país, uma vez que grande parte de seus materiais permanecessem censurados, devido ao conteúdo sexual. O Trópico de Câncer só foi publicado nos EUA em 1961, sendo este seu trabalho mais importante. Miller percebeu a parte mais significativa de sua vida como escritor nas ruas de Paris.
4.Um novo olhar, uma nova forma de ser percebido


A terminologia beatnik tem uma origem estranha e confusa. A palavra beat é utilizada por Jack Kerouac no livro On the Road pela primeira vez como uma forma de abreviar a palavra beatitude, lembrando o estado espiritual que ele e os companheiros buscavam. Outros especialistas diziam que era uma referência direta do jazz, remetendo as batidas aceleradas do bebop. Há quem diga que isso possa ser também uma conotação de "Vencido pela Vida" ou dead-beat. Daí, funde-se este radical beat com o sufixo do satélite russo Sputnik, lançado em 1957 ao espaço, com uma conotação de velocidade e movimento. Beatnik também era utilizado para denominar os seguidores deste movimento. Algumas vezes era comum que se chamassem de hipsters, termo aplicado as pessoas marginalizadas, delinquentes juvenis, usuários de drogas e brancos que se relacionavam mais intimamente com a cultura grega e de sua corruptela nasceu o famoso termo hippie, ligado aos jovens da contra-cultura sessentista.
Mas uma coisa deve ser frisada quando se fala da geração beat. O conceito deve exprimir o desalento de uma época e uma vida ampla, alternativa, que iam contra a falta de percepção das pessoas comuns, da burguesia. Essa nova forma de descrever o mundo ao seu redor é que vão demonstrar a possibilidade de criar uma forma escrita fluida, pulsante e impaciente, querendo estar aptos a circular nos diversos universos em que sua visão pudesse estar e estabelecer seus fluxos. Toda esta influência surrealista nos pensamentos são carregadas por condutas virtuosas de personalidades como Max Roach, Thelonious Monk, Dizzy Gillespie, Charlie Parker e Bud Powell com seu ritmo quase profano - o Jazz. Era a consagração da arte beatnik com sua legitimidade intelectual ao seu primor. Não havia nada melhor do que o ritmo norte-americano do que a declamação de protesto sem qualquer disciplina senão o Jazz e os improvisos inconsequentes do Bebop, sua corrente mais progressiva da época.
5. Jack Kerouac e sua esponteaneidade da prosa Bop
Podemos perceber experimentalismos literários dos escritores do movimento beatnik, mas ninguém fez essa procura incessante de dizer as coisas de uma forma nova como Jack Kerouac fez. Sua maneira metódica e bem consciente, no encontro de uma escrita emocional extremamente densa fez com que ele criasse um estilo único que ignorava completamente as regras gramaticais ordinárias, que ficou devidamente notório em On the Road que foi escrito em um rolo de papel contínuo durante 20 dias e 20 noites, sob o efeito de benzedrina durante o abril de 1951, em um efeito de transe até então nunca visto, sendo repetido de forma similar no livro Os Subterrâneos, só que desta vez escrito em 3 dias e noites, só que sob o efeito de outros estimulantes. Ele, W. B. Yeats na área literária, Jackson Pollock na área da pintura e Charlie Parker na área musical tinham tal método peculiar genesíaco entre eles em comum.
É interessante frisar que ele chegou a discorrer seus métodos de escrita em ensaios como o Essentials of Spontaneous Prose, de 1956; e Beliefs & Techniques of Modern Prose, de 1957. As expressões "prosa espontânea", "forma selvagem" e "prosódia bop" apareciam e ele fazia uma analogia muito interessante dizendo que a forma de separar suas frases, seria similar ao ato de sua respiração, feitas pelo cérebro, metaforizando o ato de um saxofonista ao soprar um fraseado no instrumento.
Jack Kerouac demonstrava através de sua unicidade, a riqueza inestimável de seu campo de percepção, bem como a forma que seu pensamento se construía, sem quaisquer tipos de barreiras sensoriais ou censuras, tendo total fluidez com a pureza plena do processo sem desvios e associações e assim essa era a sinceridade da captação sentimental sem formalismos. Tanto que outros romancistas da época viam este homem como uma estrutura densa de informações.
Era interessante a crença dele no pensamento como uma forma de expressar o todo de sua personalidade e a verdade condensada nela e a artificialidade das correções. Era uma busca por tudo aquilo que achava-se mais sincero em sua existência e é dessa forma que se compreende a rutilância dos beats pelo formalismo acadêmico e pelas obras ficcionais. Tudo que era escrito, era descrito, pois eram experiências pessoais. Era a tábula rasa de sua vida íntima. Tudo a serviço da expressividade ao seu formato mais natural possível. Durante a sua carreira, o estilo sempre experimental apresentou modificações, mostrando evoluções na maneira de mostrar sua escrita. Suas importantes obras a destacar são: Os Subterrâneos (1958), Os Vagabundos Iluminados (1958), Maggie Cassady (1959), Tristessa (1960), Big Sur (1962), e aquele que é considerado por muitos, inclusive pelo próprio Jack Kerouac, como sua obra-prima, Visions of Cody (1972).
6.Ginsberg: um poeta à margem.
Allen Ginsberg é um importante autor beat que carrega também o aspecto de pôr em sua obra aquilo que vivenciou: o binômio poesia e vida. Mais uma vez vemos uma pessoa se colocando como matéria prima com acontecimentos reais, criando poemas através da primeira pessoa. E esta expressividade tinha uma sinergia consistente com à poesia dos românticos, de Whitman e Rimbaud. Até então parte do seu legado sofre um certo abandono, porque sua pesquisa é herdeira legítima das experiências vanguardistas do século XX.
Cria-se a conexão entre os europeus de vanguarda e a literatura moderna de Ezra Pound, William Carlos Williams e Gertrude Stein, criando um grande marco de update na criação literária dos EUA. Sua forma de se expressar ia completamente na contramão da realidade dos escritores beats, uma vez que ele era um laboratório vivo de vanguardismos. Nele era possível visualizar o futurismo de Maiakovski, o surrealismo de Artaud, o dadaísmo de Schwitters e o cubismo de Apollinaire, sem esquecer de pitadas densas de Garcia Lorca, Hart Crane e adicionado a consciência de James Joyce, Stein e até mesmo a forma de influenciar-se dos Hai-Kais da literatura oriental.
Sua obra-prima O Uivo é um emblema da produção literária beatnik. É através deste manifesto que todas as barreiras acercas com a realidade dura e marginalizada são escancaradas a olhos nus, desde o estilo de vida, até o uso de drogas e a liberalidade sexual. Assim contemplava nas primeiras linhas deste livro: “Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, /arrastando-se pelas ruas do bairro negro em busca de uma dose violenta de qualquer coisa, /hipsters com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato com o dínamo estrelado da maquinaria da noite/ que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz...” Não seria absurdo reparar que sua escrita foi altamente influenciada pela prosódia bop espontânea de Jack Kerouac, evidenciada pela velocidade ritmica e escrita com alta fluidez.
Além de seu perfil como escritor, foi um ativista popular que era favorável aos hippies e junto a Timothy Leary pode divulgar os "benefícios do LSD" além da participação de protestos pacifistas contra a Guerra do Vietnã. Ginsberg via que viver uma vida à margem da lei significaria a única forma para que se contemple todas as experiências mais miseráveis da sobrevivência para que se alcance o processo de purificação da existência. Seu poema sofreu tentativa de censura e seu editor, posteriormente, sofreu processo por pornografia.
7.Burroughs: o experimentador.

William Burroughs. Este sim é o grande experimentor da geração beat. Uma mistura de blends dadaístas, surrealistas e até mesmo cubistas. Seus procedimentos de dobragem e colagens, que tinha aplicação bem diversificada, foi muito diferenciada. O recorte de passagens e fontes diferentes desde versículos da bíblia e até mesmo fraseados de Shakespeare, faziam com que seus textos criassem verdadeiros resultados únicos e conceituais. Aplicando uma metodologia ímpar, Burroughs deu vida a suas obras mais contundentes como o Almoço nu (1959), A máquina mole (1961), O bilhete que explodiu (1962), e O expresso nova (1964). Assim como os outros autores beat, seu experimentalismo alçava a área de uso de entorpecentes, pela sua busca incessante por novos estados de consciência.
Ele chocava e escandalizava ao ampliar a consciência com experiências homoafetivas, violência urbana e o submundo urbano. Ele queria algo além do próprio sentido estrito da linguagem, ele queria algo profundo e infinito. Queria, se tornar, como ele mesmo se descrevia "um cosmonauta do espaço interior" na busca de uma realidade mais profunda e verdadeira no sentido da existência. O zen budismo também ajudava em suas imaginações e ponderações tendo uma concepção única do universo. Ele era o mais velho dos autores da geração beat e sua forma de escrita era puramente satírica, tanto que Jack Kerouac se referiu a ele como "o maior escritor satírico desde Jonathan Swift".
Junto a estes três, haviam vários outros nomes importantes que deslindaram as décadas de 50 e 60 com esta geração de impacto profundo na literatura norte-americana. Eles seriam Kenneth Patchen, Gary Snyder, Denise Levertov, John Ashberry, Gregory Corso, Barbara Guest, Frank O'Hara, Clellon Holmes, Lawrence Ferlinghetti, Carl Solomon entre outros. Os beatniks estavam além de uma mera visão literária, de uma absolvição do marasmo centralizado do academicismo exacerbado. Estava acima, era multidisciplinar.
Os anseios eram inerentes a libertar o corpo, a sexualidade e os desejos de conhecer os efeitos da lisergia. A ampliação de consciência e a procura de novas formas de se viver na sociedade. No ínicio dos anos 60 as marcas já haviam sido feitas por eles com o surgimento do movimento hippie, que visava o instinto, o pacifismo, a espontaneidade e o misticismo como a idealização da existência. Tudo isso foi pano de fundo para que a própria realidade norte-americana pudesse enxergar a saturação que a burguesia dominante havia se encontrado e como as coisas precisariam e deveriam ser modificadas, durante os anos 60 e 70 para que os valores do regime capitalista pudessem ser alterados no intuito de modificar uma vez mais o ponto de vista da organização social.


 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário