Viver a vida que não queremos
é uma angústia sempre molhada
e ler a nossa história ladrada
por alguém que não nos conhece,
acaba sempre por nos magoar.
Lembro-me de muitas noites em que dormi na praia
debaixo de barcos
que me ofereciam o mais bonito dos céus.
Tinha no bornal uma lata de atum, pão escuro
e uma bíblia que me lia o poema de embalar mais apetecido.
Não me lembro como adormecia mas nunca tive o medo do amanhã.
Aquela solidão era tão solidária
que me permitia ser o único não só do mundo.
Foi a estrada mais bonita que amei.
Quando acordava tinha estrelas na mão
e mirava a vida com uma credibilidade inocente.
Claro que era jovem mas tinha um presente diferente.
Agora as rosas são muito mais difíceis.
Muitas vezes molham-me propositadamente
sem respeito nenhum.
Porém há ainda algumas
que me reconhecem e como amigas que são,
mentimo-nos descaradamente quando dizemos :
estás na mesma.
& abraçamos os sorrisos daquele tempo.
Mas as rosas não são fáceis.
Já são poucas aquelas a quem posso escrever.
Não sei o tempo que me resta
para tocá-las com a minha amizade.
As rosas não são fáceis e eu também não me sinto melhor.
Amanhã melhor será!
( Estimo esta ideia ).
,2016,04.aNTÓNIODEmIRANDA
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