Não sei e não tenho vergonha.
É-me estranha a peçonha recolhida na palha onde
aqueci estrelas não sintonizadas com a harmonia dos horóscopos. Não sei
escrever um suflê da mais digna maneira que tanta canseira me produz quando
desagua em offshores emporcalhados onde engordam panças geradas pelo suor do
pobre. Não sei nada dos amantes ousados num script onde nada pintei. Não sei
dar corda a este relógio que tanto me abusa e se recusa a lamber-me um só
minuto de intervalo. Não sei de não gostar. Não sei sugerir opções contrárias a
uma mania que acorda sempre na minha cabeça. Não sei fazer nada que não me
apetece, agora que já posso silenciar o despertador com um tiro retardador
dirigido pela minha aptidão de não
admitir interferências litigiosas direccionadas à minha alheia susceptibilidade.
Não sei.. Não sei porque o meu cão deixou de gostar da ração. Não sei porque
continuo a caminhar assim. Como se não quisesse magoar as águas do rio que
corajosamente zela pela ferrugem da minha âncora. Não sei que horas tenho
embora me tivessem prometido que isso seria uma questão de dias. Não sei que
sonhos pintar agora que os segundos foram passar a noite na ópera. Não sei que
lâmina usar para fatiar contratempos não convidados. Não sei. Procuro só os
meus passos que me levarão ao encontro de um coração desclassificado.
Se escreverem à minha tristeza, por favor não lhe
digam como eu me sinto.
,2016,04,08,03,30h
aNTÓNIODEmIRANDA
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