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terça-feira, 15 de março de 2016

BRUXELAS GARE DU MIDI

No corredor da gare du midi
Enfiado no saco cama
Acordei com o corrupio de gente apressada
Nunca tinha visto tanta conformidade por passo quadrado
A gare du midi é um lugar estúpido e impróprio
Para contemplar o que quer que seja
Não riem não falam e quando nos olham
Têm sempre estampada na indiferença
Carimbos com o formato de martelos
Não sei para onde caminha esta gente
Sorumbáticos Automáticos
Caras de banda desenhada
Encolhi as pernas preocupado
Com a real possibilidade de ser pisado
A gare du midi É um local sombrio
A condizer com a cor do céu
Que entristece uma cidade
Preenchida com um mar de bonecos
Que nem bêbados conseguem pular a lei
Que tanto os amarra
A gare du midi
Mete-nos todas as angústias
E tem o perfume de uma constante desilusão
Gente nunca ousada
Com óculos que fecham a visão
E eu
Que já tive conversas minimamente interessantes
Com outras espécies de robots
Fiquei deveras preocupado
Com o ar de pateta ilustrado do maquinista
Na gare du midi Nada há para admirar
Nem sequer a minha canadiana
Que tinha comprado no stock americain
Mija-se bem na gare du midi
Contaram-me anos mais tarde
Não foi o meu caso
Tive pressa de apanhar o comboio


,2016,03
aNTÓNIODEmIRANDA

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