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domingo, 27 de dezembro de 2015

OBRIGADO

Obrigado pelas manhãs que me deste, onde acordei entre lençóis molhados com toda a amargura embrulhada. Tinhas dito que não gostavas de mim, eu, que nunca reclamei o amor que me entregavas com ais mentirosos que sufocavam os soluços com que te amava. Costumavas dizer, (lembras-te?), que era eu quem mentia, mas no teu ódio já eu sentia que me tinhas abandonado. Não têm significado as noites fingidas, adormecidas em almofadas, onde a ausência estava sempre presente. Conservo uma angústia abusivamente magoada com o sabor do sangue caído de lágrimas que continuamente me cortam. Obrigado pelas manhãs apunhaladas, nas noites que não nos pertenceram. Tenho agora um golpe fino ao longo do único sonho que me recuso. Obrigado pelo relatório povoado com nuvens tão duvidosas que só oferecem a ideia de um fim não certificado. Obrigado pelas propostas maldosamente desenhadas, que só impediram aquilo que deveríamos ter feito. Nº 5 Chanel e Davidoff, não ligaram. Não apanhámos o jeito. Perdemos assim a urgência da nossa amplitude.
Obrigado.


aNTÓNIODEmIRANDA


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