Confio tanto em ti como no
deus que mandaste foder-me. Confio na navalha no lume que aguça o gume numa
cruz que não me seduz numa ladainha cantada numa língua longínqua da minha
música. Confio na abertura dos portões automáticos obedientes a comandos
simpáticos com pré pagamento temporizado; confio no prazer que dizes ter
naquelas noites dormidas lado contra lado; confio cegamente na bateria do meu
telemóvel e sobretudo nas suas definições que nunca consigo acertar; confio
naquela estrela a hipótese da sorte agora implantada num pacote de margarina
que já viu melhores aplicações. Confio na minha ausência de fé que continua a
dar-me a confiável certeza de que nem em tudo se pode confiar.
Mas há coisas em que
verdadeiramente confio: no cumprimento do meu cão e pela sua lambidela sei que
é verdadeiro este confiar.
Se calhar confio em algo
mais! Mas não me consigo lembrar.
aNTÓNIODEmIRANDA
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