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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

KIKO, o meu cão

O meu cão está a ficar velho.
Cada vez ouve menos e manifesta uma grande vontade para me chatear o juízo.
Provavelmente morrerá antes de mim. Nestas coisas deus nunca foi justo.
Andamos devagar. Ele senta-se demasiadas vezes no pouco caminho que percorre.
Eu impaciente digo-lhe : pá, tens que andar mais um bocado.
Está surdo olha para mim e diz-me que entende o que eu acabei de dizer.
Teimosamente é ele que conduz o passeio com as pausas que quer com o ritmo que consegue.
Mas com toda a amizade possível.
Mija aqui snifa ali, por vezes pára, abana a cauda numa coisa que eu não entendo, num cheiro que não cheiro e eu penso, está contente , cheira-lhe a menina.
O meu cão é o cão que mais blues ouve no mundo.
Claro que adormece, ressona enquanto eu toco aquela coisa que mesmo não ouvindo, vai entendendo.



,2015aNTÓNIODEmIRANDA

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