O
meu
cão
está a ficar velho.
Cada vez ouve menos e manifesta
uma grande vontade para me chatear o juízo.
Provavelmente morrerá antes de
mim.
Nestas coisas deus nunca foi
justo.
Andamos devagar. Ele senta-se
demasiadas vezes no pouco caminho que percorre.
Eu impaciente digo-lhe : pá,
tens que andar mais um bocado.
Está surdo olha para mim e
diz-me que entende o que eu acabei de dizer.
Teimosamente é ele que conduz o
passeio com as pausas que quer com o ritmo que consegue.
Mas com toda a amizade possível.
Mija aqui snifa ali, por vezes
pára, abana a cauda numa coisa que eu não entendo, num cheiro que
não cheiro e eu penso, está contente , cheira-lhe a menina.
O meu cão é o cão que mais
blues ouve no mundo.
Claro que adormece, ressona
enquanto eu toco aquela coisa que mesmo não ouvindo, vai entendendo.
,2015aNTÓNIODEmIRANDA
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