Gosto que
me aconteçam dias perfeitos.
Daqueles que me levam contente para a cama.
De
cada vez é um filme diferente,
mesmo que o realizador nunca seja ninguém que
não eu.
Projecto surpresas como se elas tivessem acontecido.
As ideias
descansam preguiçosamente numa chaise longue.
Teatralizo as sugestões que me
acontecem
e atraiçoou-as num palco do desassossego.
Dispenso
educadamente as pancadas do Moliére.
Já tenho
nuvens que pousam nos meus ombros
e que me cortam sonhos que não cabem na minha
caneta.
Afasto-as apressadamente e conservo todo
o medo do seu abandono.
Então
fico à espera com uma folha de papel na mão,
onde sei que nada poderá ser
escrito.
Lá longe, o som do mar embrulha-me o sono.
Agora tenho o tanto que a
minha almofada merece.
Abraço o embalo das rãs.
Sultão, o cão está na casota
coçando as orelhas
com a leviana esperança que nenhum carro atrevido o acorde.
Apaga-se a luz. As lâmpadas estão cansadas de tanta azáfama.
Também elas têm
noites difíceis.
Há ave marias que não chegam ao céu.
Aqui t
ambém se passa o mesmo!
ambém se passa o mesmo!
Vou sossegar o meu sonho. Estou a ficar velho.
Já há demasiadas moscas
passeando pelos meus ombros.
Claro que finjo, quando lhes sussurro que ainda
não estou cadáver.
Não sei se me entendem. Então abraço a guitarra e
tento
ensona-las com a ousadia da minha música.
Não se trata de uma artimanha,
nem
sequer de uma tentativa de auto- defesa.
Tenho o meu tempo.
Não gosto que o
apressem!
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