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sábado, 7 de junho de 2025

DEMOLHANDO OS CALCANTES NOS SUSPIROS DA FONTE ARDILOSA

 


Não há janelas com vista para o futuro 
nem abre-latas que não enferruje a coragem. 

É essa a sorte entregue pela ignorância.

Alguém que arranque 
as palavras importantes 
que sem a mínima esperança 
ousei escrever.

Vai longe o viver
Já nada de novo
No dia que há-de vir
Poderá acontecer.

O voar que já não sussurra, 
segue por aí num tropel preguiçoso 
pedindo ao tempo a morada 
do perfeito desconhecido.  

            E o vento que mente 
no tudo entender, 
cola na vidraça dos anos apodrecidos, 
sorrisos com lábios de framboesa.

Guardo no congelador rodelas de ficção 
a fugir da anunciada falência.

No dia que virá 
Já nada de novo
Poderá acontecer.
Vai longe o viver
com a paz já não mora aqui.

Nada de piedade neste parágrafo 
abusivamente pintado de estercos. 

            É sempre longe demais 
o caminho que oferecem as vozes com hálito 
de ácaros.

            A solidariedade há muito que deixou 
de ser o cenário possível.
        Agarrado ao lindo verbo da imensidão,
 nada já faz sentido muito menos 
reinventar o que continuo a não saber.

                Só me restam cem beijos 
e um cabaz de desejos abandonados.

            Nenhum deles será para ti. 

Noites das grandes pedradas, 
não quero sentir a falta 
da nossa saudosa liberdade

Nesta corrida não há cavalos nem desatinos.

Nunca mais são 4 da manhã

Tenho um sono para colorir comprado 
na feira das realidades inventadas.

            Lágrimas abandonadas
 pedem boleia na paragem da privação.

Posso agora dizer que não quero falar sobre isso.

        Seria bom que pelo menos um beijo 
se embriagasse no dossel da ousadia.

                Caminhar na areia para que a espuma 
entregasse as cumplicidades 
que julgávamos ausentes do caminho da saudade, 
longe do dia sem regresso.

2025Mai._aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

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