Observo os dias furiosamente açaimado.
Lavo as mãos, mas não limpo a raiva.
Evito as filas da farmácia,
e tento passar despercebido no trânsito do supermercado, enquanto engato garrafas.
Toda a gente largou o sorriso,
e espalha no ar golfadas de desconfiança.
Limpo o pó às ideias, mando recados à fava, arejo vontades no enredo das piadas mórbidas.
Mas, o que verdadeiramente me apetece,
é estrangular a maldade do mundo.
Aguardo que parem de cair pingos de ansiedade, rogo a uma chuva meiga que não estrague a beleza.
Mas, o que verdadeiramente me apetece,
é vandalizar fardos de caridade ostensivamente hipócrita.
Farejo fantasmas,
guardando a aconselhável distância social.
Mas, o que verdadeiramente me apetece,
é esfaquear peluches mascarados de depilados mentais.
Estou à espera daquilo que nunca chega, neste tempo infestado com personagens paralisados.
,2020abr_aNTÓNIODEmIRANDA
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