Vivo num sítio que não
conheço.
As pessoas que também não
conheço,
por vezes, recebem
visitas importantes:
Entregadores de pizzas
com caixas de cartão hospitalizado, que transportam preguiças para não comer.
Vivo num sítio que não
conheço.
Gente ocupada com
expectativas desanuviadas, ouvidos
tapados,
e um ritmo desenfreado
num qualquer teclado.
No sítio onde vivo,
pardieiro apodrecido,
mostram-se matrículas
actualizadas,
o cão com a coleira mais
vistosa,
o pedigree sénior de quem
o passeia,
o dourado, por vezes em
mau estado,
dos ténis que pisam já
com alguma assiduidade, a inoperância da acessibilidade para o mínimo
interessante.
No prédio onde vivo,
no sítio que não conheço, somos todos
educados.
Não falamos quando nos
vemos.
Até porque não se acena,
a quem não conhecemos.
,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA
Sem comentários:
Enviar um comentário