Setembro, todos sabem e ainda menos os que acreditam, é o mês ideal para envernizar palavras endemicamente infectadas. Era no café da Mimi que eu me sentava quando queria beber esta ideia. Lia o jornal começando pela última página, demonstrando a mim próprio a não preocupação da importância da notícia previamente estabelecida. Escutava conversas de gente que não sabia o que dizia abusando na proposta absurda numa burrice constantemente anunciada.
No café da Mimi, aprendi a pensar naquilo que nos resta, depois de deitar fora o que não presta. Esvaziei vazios que só a mim me competiam enquanto lia os rótulos das garrafas onde faltava sempre o meu nome. Continua uma hipótese fora de questão.
Não poderei medir os nós deste tempo humedecido, ancorado nervosamente a uma maré preguiçosa para qualquer aventura. O salva vidas nunca esteve disponível para tanta indecente frustração. Navegamos outros mares logicamente enganados por faróis que só sabem ler rotas em off. No café da Mimi ouviam-se sorrisos gemidos em formato jpeg com propriedades de formatação consignadas para turistas patéticos. No café da Mimi, sentado num barco onde nunca naveguei, bebia whisky num copo com novelo e muitas vezes sonhava, nas horas que ele durava. Sonhava porque queria o sonho que me apetecia.
No café da Mimi, mesmo nas vezes em que lá não ia.
Aconchegavam-se preponderâncias inertes e cumprimentavam-se com o devido respeito estímulos ausentes.
Claro que não era no café da Mimi.
,2016,03aNTÓNIODEmIRANDA
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