O poeta,
descansa o olhar no cachimbo,
e folheia entre os dedos memórias sem alta definição.
Ata as palavras para que não fujam da algibeira, sossegando-as com o fumo que disfarça a fraqueza.
Desenha na ampulheta momentos que não quer esquecer.
Veste o pijama ao mar, aquece a areia na espuma do peito, e volta e meia, desaparece sem ninguém dar por isso.
Lá, naquele sítio, onde se atiram pedras à sorte, cães curiosos brincam à cabra-cega,
no calor da luz do farol.
A noite vai caindo,
agasalhada no sobretudo do nevoeiro.
Alugam-se quartos.
A lua sorri matreiramente.
2018Out_aNTÓNIODEmIRANDA
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