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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Refeição nua

de nada valeram as boas intenções

as palavras daquelas tardes
envoltas em sorrisos de coragem
o nosso encontro
foi uma refeição nua
hoje percorro a memória desse tempo
e rio para mim
anormalidades anónimas
desprezos sem endereço
e caminho nas ruas do acaso
sentindo o cair das pedras dos seus muros
toda a gente se magoa
construindo assim toda a crueldade do mundo
leve corre a espuma da tristeza
nela navegando o que resta da desolação
paixão violenta
amor sem nenhuma certeza
lágrimas limpas a seco
flor dum louco agosto
apodrecida na minha mão
tudo acaba
nem sempre no tempo apetecido
quase nunca na forma adequada
flores sujas na minha sepultura
o resto do menu inacabado
duma refeição nua
paraíso artificial
criado até á exaustão
no entanto todas as intenções eram pacíficas
e nenhuma esperança possível
e os beijos trocados
tinham sempre o adeus nos olhos
e as palavras faladas a conveniência da mentira
por isso o caminho das pedras
foi um convite sempre recusado.
longe foi o mais perto
que conseguimos estar.


outubro20.2006


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