feito na alquimia
das promessas da conveniência
foi-se o tempo da paixão
nem o perfume ficou
da anunciada ausência.
fica o fumo da memória
do sonho a serenidade
do instante a precariedade
dos gestos insanos e envergonhados
da imaginada obscenidade.
agora já não dizemos até amanhã
nem ousamos a viagem
no nosso barco sempre preso ao cais
agora eu sei
tu sabes
que amanhã é sempre longe demais.
da janela do meu tempo
parte o momento da ilusão
o que nos falta para amarmos
se sempre nos matamos
nas maneiras mais apetecidas ?
resta-nos o desejo
sempre acontecido
com sabores de despedidas.
hoje
quero tudo menos o banal
amor raiva ciúme
paixão violenta animal
angústia total
quero um mar sem sal
preto e vermelho
afinal as cores da minha alma
quero o delírio completo
que esvazia a minha calma
quero olhar sem ver
estar sem ouvir as palavras costumeiras
que me falam do segredo
do meu desassossego
quero-me morto
no sonho do sabor do teu corpo.
eu sei que vou morrer de amar.
2006jul25
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