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sexta-feira, 23 de maio de 2025

ANTES

 


Antes do arco-íris apagar o céu e escrever nas teias da memória obscenidades com a lógica do tempo, há que cortar o que dizemos, mais ou menos, em pedaços iguais.
Antes que o sol nos cegue a vista e a vida lavre caminhos errados, é necessário um esforço atrevido e uma boca que beije sem medo, na breve visita aos sítios onde moramos.
Antes de desistirmos nesta maneira sempre fugidia, há que respeitar a coragem daqueles que ousaram a diferença que nunca navegámos.
Antes de a luz apagar este projecto sempre ausente, há que pensar neste olvido total que nos faz um tempo perene, muitas vezes ovacionado nas campanhas promocionais.
Antes que o sagrado se despeça 
deste puzzle encardido, 
há que sumir depressa, 
lágrima a lágrima, 
gota a gota encharcada 
com o nojo que nos repete.
Antes do céu,
cuspir passo a passo
na nossa vergonha.





2017,jun_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

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