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sábado, 16 de dezembro de 2023

RED LABEL

 


Fiquei sem os máximos e desenhei borboletas no escuro da estrada, para que os saltimbancos do Picasso as fossem pintar. 
Tenho uma certeza que me corrói.
Ninguém respeitou a minha arte!
Aguardo a pequena esperança de que algum grilo, mesmo mal falante, as tenha guardado.
Pelo menos a Taschen teria assim uma boa hipótese para as dissolver. De qualquer modo, ainda me soa no ouvido a música tocada pela Kina e o Angel junto às muralhas do castelo de Sines. Depois do caril de amendoim, de uma dose de moelas, ambas sobre o efeito do microondas, uma Red Label do Johnnie Walker fora de prazo, comprada nas bombas de gasolina. A vida é dura e não há gelo que me salve. E as melgas fazem questão de o comprovar com assíduas vinganças na minha delicada pele. Penso que não admiram um homem interessante.
A verdade é que ando a mijar há 61 anos e ainda não molhei a humanidade.
Uma rã acampada no jardim afina o check sound para o concerto de amanhã.
A coisa promete. 
A entrada é livre e ela cumpre escrupulosamente o horário da actuação. 
Aceitei comovidamente o seu convite.



Melides,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA


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