Ela sempre me aconselhou para não responder a números desconfiados.
Cuidado com os cães, meu filho!
Não com aqueles que gostas, mas dos que mudam de pelo para te foder.
Conservo a navalha na língua, e procuro estar atento para não falhar.
Prometo-me muitas coisas, nesta teimosa mania de continuar a sonhar.
Sou o mais doido que em mim cabe, e já não ligo ao programa da Sociedade Nacional da Sanidade.
Não sei da chave para o paraíso.
Aguardo o caminho da auto-estrada, sentado nesta estação do inferno.
Tolo e já nada jovem, afago memórias das noites em que me diziam: podes ser aquilo que quiseres, mas esta porta está fechada para ti.
E tu, encostada na minha penúria, perguntavas invariavelmente, onde tinha passado a última noite.
Só ficava a sombra, quando dizia, por favor não vás embora.
A noite tem outros afazeres, ocupada com corpos ainda mais frios, e o sol acorda cada vez mais tarde.
Já cansado e muitas vezes com mau feitio.
Este chão é uma morte dura.
Vende demasiadas vezes a sorte ao diabo.
E os sorrisos que pensam saudar a nossa despedida, em nada ajudam as ausências.
Não tratem mal os meus blues.
A minha mãe não vai gostar.
Tantas vezes chorei que não posso ser meu amigo.
Tenho nos olhos o cair dos desejos, a certeza da impossibilidade.
O sorriso descaído, escondido no saco cama que já não acredita no meu sono.
Estou farto de lamber feridas, cansado de embrulhar o calendário, desacreditado na mudança do tempo, e, serenamente rasgo as horas com o sentido que me incomoda.
Não digam mal dos meus blues.
A minha mãe não vai gostar.
Olho para o fundo do copo, virado como o meu contrário, e, num sossego sem nexo, arquivo intenções sem nenhuma validade.
Adoro os meus blues.
A minha mãe vai gostar.
Cuidado com os cães, meu filho!
Não com aqueles que gostas, mas dos que mudam de pelo para te foder.
Conservo a navalha na língua, e procuro estar atento para não falhar.
Prometo-me muitas coisas, nesta teimosa mania de continuar a sonhar.
Sou o mais doido que em mim cabe, e já não ligo ao programa da Sociedade Nacional da Sanidade.
Não sei da chave para o paraíso.
Aguardo o caminho da auto-estrada, sentado nesta estação do inferno.
Tolo e já nada jovem, afago memórias das noites em que me diziam: podes ser aquilo que quiseres, mas esta porta está fechada para ti.
E tu, encostada na minha penúria, perguntavas invariavelmente, onde tinha passado a última noite.
Só ficava a sombra, quando dizia, por favor não vás embora.
A noite tem outros afazeres, ocupada com corpos ainda mais frios, e o sol acorda cada vez mais tarde.
Já cansado e muitas vezes com mau feitio.
Este chão é uma morte dura.
Vende demasiadas vezes a sorte ao diabo.
E os sorrisos que pensam saudar a nossa despedida, em nada ajudam as ausências.
Não tratem mal os meus blues.
A minha mãe não vai gostar.
Tantas vezes chorei que não posso ser meu amigo.
Tenho nos olhos o cair dos desejos, a certeza da impossibilidade.
O sorriso descaído, escondido no saco cama que já não acredita no meu sono.
Estou farto de lamber feridas, cansado de embrulhar o calendário, desacreditado na mudança do tempo, e, serenamente rasgo as horas com o sentido que me incomoda.
Não digam mal dos meus blues.
A minha mãe não vai gostar.
Olho para o fundo do copo, virado como o meu contrário, e, num sossego sem nexo, arquivo intenções sem nenhuma validade.
Adoro os meus blues.
A minha mãe vai gostar.
2018Out_aNTÓNIODEmIRANDA
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