Quase que um poema, disse abraçado à
estátua que pensava ser ele. Tinha preparado o mais eloquente discurso. Afinal, um dia não são dias, e aquele que inventou, prometia algo especial. Bruniu o bigode, ajeitou o laço, ensaiou um novo passo, tipo Fred Àstiras. Acordou desassombrado, talvez um pouco suado, mas nada que impedisse uma performance a condizer. Fingiu não estar nervoso, respirou fundo num ofegar ranhoso, prometeu não falhar, agora com tanta gente para o ver. Fechou a porta. O 1º degrau pisado com a bota direita, a vizinha à espreita, o do 2º andar intrigado de o ver tão aprumado, e o cão do rés-do-chão, sacudiu o rabo com muita satisfação. Desceu a Liberdade, cumprimentou o Carmo, sorriu para o Chiado, o Pessoa sempre ocupado, e ignorou os saldos da benetton. O homem estátua piscou o olho à espreita da moeda, mas desta vez não podia ser. Desceu a Alecrim com muita cautela. Tanta buzinadela. As luzes dos carros dos bombeiros iluminavam o arrulho dos pombos. A polícia a todo o custo, tentava acalmar os presentes. A protecção civil no directo especial, prometia que logo que possível, voltaria a normalidade. Afastou-se sorrateiramente. Que raio de confusão. Não compreendia tal alarido. Não me digam que me enganei no comprimido!
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