Se estivesse preocupado com a tese da minha vida
seria uma azáfama do catano. Não sei podar uma vontade
nem sequer calcular geometricamente a profundidade
da minha sepultura tal como as comodidades inerentes
à minha maçada corporal. Brinco às escondidas
na biblioteca da faculdade onde só ia para mijar
na sopa previamente paga. O self service nunca foi uma adesão
que respeitasse a minha decência. A professora tinha uns olhos bonitos,
de tão vaidosa encomendou umas molduras. Nunca estivemos de acordo
e não foi por causa dos seus collants. Se estivesse preocupado
com a azáfama da minha vida, escolheria uma tese pré fabricada
e solicitaria ao estafeta das pizzas
que não se enganasse na morada.
Não tenho pressa para atender chamadas
com prémios antecipadamente pagos.
Mas a minha tese é simples.
Vão entesar-se fora dos meus ouvidos.
Mas não estou preocupado!
Não me interessa estar dentro da sanidade exígivel.
A tese da minha vida arrefece no fundo da panela
desligada de um cozinhado feito em câmara lenta,
sangrada em tulipas onde ardem malmequeres.
Há um cunho pessoal neste guisado
nem sempre esquisito e paira no ar
um sabor queimado pelo vento.
Enfarinho as ideias com um fermento oferecido
lá para os lados do natal.
E fervo lentamente a minha alma de escuteiro,
juntando-lhe uma porção minúscula, aromatizada
com um qualquer português suave.
Há que ser cuidadoso.
Não vá o mar ficar trabalhoso.
2016,12aNTÓNIODEmIRANDA
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