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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

ARTIGO 68

Só queria um pouco do que deitamos fora, não o resto da hora nem o perfume do segundo que tanto nos enganou. Talvez bastasse um taxímetro lisonjeiro para taxar as memórias da nossa ausência. Iremos esconder no cacifo a pétala da rosa traçada pelo destino que tanto nos encalhou. Somos um amor ferido aquecido em mantas compradas com desconto especial nos saldos da nossa ilusão. Meu amor, como vem escrito na página do livro que nunca tivemos, o fastio destes dias amarga um folclore com danças cortejadas por simpatias ocultas.
Abraça-me com a tosse que tolhe a maneira peculiar com que me sonhas. Mascarado de cavaleiro negro ou cego andarilho, montado no teu medo, capa e espada tipo justiceiro, eu que de mim nem soube ser primeiro, em golpes de espada à cinta, espirro assim esporas medrosas entornando toda a angústia, como se fosse o final para sempre, num qualquer canal da tv, reclamação pendurada na antena enferrujada e uma box tão mentirosa como a previsão do horóscopo garantindo o 2º prémio da latoaria nacional. As bolas do sorteio não estiveram à altura das minhas necessidades, e o júri ignorando a minha indignação, mandou-as passear e na sua benevolência ilimitada ofereceu-lhes o acesso ao artigo 68 do código viril da estrada


2016,12aNTÓNIODEmIRANDA

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