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terça-feira, 6 de outubro de 2015

2015set19 | CRÓNICAS DE VILA CHÃ (6) | "NEM TUDO LEMBRA"

Não exijo nada. Só quero estar atento áquilo que me acontece. Hoje ajudei a plantar três árvores, com a máxima generosidade. Quero que elas medrem com a espera plena de curiosidade para despejá-las dos seus possíveis frutos. Não é troca por troca, nunca paga ou recompensa por nada que nunca se poderá saldar. É o tempo com respeito, feito alegre, acolchoado com o sabor único de apreciar. Não sou ínfimo em nada mas somente grande de decência. É uma tentação inevitável e como tal, cuidarei dela sempre que me seja possível. Não gosto de promessas, sobretudo daquelas com joelhos esfolados que conspurcam asfaltos. Velas já não se usam. A electrónica sugeriu-lhes a morte conveniente. O pior lixo poderemos encontra-lo num qualquer jazigo infestado com rendas de mentirosos arrependimentos. Fazemos caminhos tão estreitos que atrapalham o trânsito de carros de mão. Enfronhados na razão absurda andamos com molhos de flores que nos olham desconfiadas e percorremos a via sacra onde consagramos a nossa azia, e confundimos os epitáfios dos apóstolos, onde ardemos círios como se fossem parte de nós, aqui onde mentimos lambendo feridas alheias. Tanta pena em vão para não ser saudade, voos tão pequenos com lamentos em forma de posologia e indecentemente esperámos que alguém rogue por nós. Persignarmos esta prece trinchando o peru que roubamos ao pai natal. De joelhos! Aqui e agora. E agora o que fazer? Rasgar bandeiras, mas sobretudo não falhar a colocação das bandarilhas. É este o momento. Convém estar atento. A vacinação é gratuita. Os boletins pouco custam. Qualquer multinacional está empenhada, e claro, nunca preocupada, com o nosso desalento. Providenciará campanhas com descontos adequados á nossa estúpida conveniência. Alguém irá sobreviver. Rejeito qualquer hipótese de convite.


2015aNTÓNIODEmIRANDA

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