Preocupam-me
todos os sistemas totalitários, e sobretudo não quero que me gele a
vontade de brindar com sangue a morte de todos os monstros do mundo.
É infinita a distância que nos separa. Estes ideais inquietos,
causam-me a angústia de que nada vai mudar. Estão mais altos do que
nunca, os velhos muros do ódio. Tenho gravadas nas mãos, as marcas
de frias grades onde escorrem poemas com o sabor do tempo. O que
falta? O único minuto, deserto, sempre deserto de esperança. Serão
agora ainda mais difíceis os sorrisos que ancoravam com toda a
cumplicidade, vagas não exageradas de optimismo. De nada valeram os
gestos ensaiados. A mentira mais fingida foi sempre maior que o
cenário disponível. Toda a evidência encharcou a metáfora. Talvez
não custasse muito destilar outras frequências. O tudo e o nada
será sempre a medida exacta. Aqui a dúvida não passa de um
intercâmbio de palavras. Apostamos a fatalidade numa bolsa com o
crash há demasiado tempo preparado. Há ainda quem pense que o dow
jones foi o primeiro guitarrista dos rolling stones. Eu diria: é
preciso não acreditar na inteligência do ar condicionado.
Garanto-vos a inexistência de cobardias honrosas, e, as verdades que
nos querem impingir não passam de uma imitação adulterada de
pechisbeque. Não há ponto razoável para acreditar em virtudes
tísicas. São sempre indigestas as discussões estéreis. Olhamos
para o céu mentindo copiosamente na vontade de lá chegar. Há
imaginações com demasiada cinza.
.2015aNTÓNIODEmIRANDA
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