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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

CRÓNICAS DE VILA CHÃ (3) “PERIGOSO”, O CÃO - 2015set12

É sabido que quando dois gagos se encontram, ainda ficam mais gagos. Esperam-nos então conversas mais demoradas. Recordo aquela noite na adega do Agostinho, onde molhámos a palavra com vários, isto é, muitos copos de vinho, na companhia do inevitável Rogério. Na mesa um queijo e um apetecível naco de presunto. Tudo de boa e fidedigna proveniência. Mordisquei umas fatias de presunto e como não sou apreciador de queijo, para não fazer desfeita, consegui com a ajuda da broa ainda quente, comer alguns bocados. Então Agostinho, não comes? Óóó Miranda, olhando-me com ar de enfado, estou farto disso. Continuava a sacar da embalagem batatas fritas. O Perigoso, o seu cão, ouvia-nos atentamente lambendo as feridas que tinha espalhadas ao longo do corpo. Faltava-lhe quase metade da orelha direita, e coitado, cheirava ao produto para curar as mazelas. Tinha todas as marcas de um ferido de guerra. O que é que lhe aconteceu? Óóó Miranda, este doido andou maluco para montar uma cadela e os outros cães deram-lhe cabo do canastro. E se queres que te diga, duvido de todo que ele tenha provado o pito! É sempre assim, mas ele não deixa de tentar. O que se pode fazer? Ele gosta! É como o dono! O sexo, quer dizer a tentativa, para este cão é sempre perigoso.

A última coisa que me lembro, é de ter subido as escadas da entrada da casa de gatas.


2015aNTÓNIODEmIRANDA

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