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quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Indiara Sfair e Tiago Juk - Cocaine by J.J. Cale

ESTRELAVA NO CÉU BEIJOS AGRADECIDOS

 
Não passo de um ruído espalhado pela vida, que, mesmo no paraíso precisa de amigos.
E no alarido de um coração picado há um cavalo que foge da sela que o quer trair. 
Subtrai a ternura suicidante que lhe apaga a chama efémera e num grito desenfreado salta a angústia como se fosse arte poética. 
E agora cansado chora o libelo da maldição que o fez prender. 
Saltou o mais que pode a cerca que lhe toldava o horizonte e só agora pode beber num gole total a imensidão que lhe vendaram. 
Feito poeta e na ausência do juízo normal aquece no galope sonhos há muito guardados. 
Aparece de quando em vez nas quintas-feiras da poesia possível e fingindo que não chora, abraça qualquer presença. 
Na forja que lhe derrete a alma espalha todos os poemas que cabem no seu mundo. 
Apenas um sossego aqui na terra depois deste deus louco irmão de todas as morfinas e crítico apreciável dos benefícios da marijuana, longe da masturbação das agulhas beijando na fornicação a cara sem sangue que desliza pela parede riscos indolores de uma salvação com doses para uma semana. 
Pedaços que exibe na mão foram um poema nunca sujo, escrito em moedas que mancharam a carne que pensava o amava. 
E agora não consegue saltar os muros do sonho neste cenário de bêbados circuncisados. 
Nesta escrita de raposa com a permanente promessa de não ganhar qualquer Grammy, perde-se nesta sensata e inútil razão que se perpetua na pele. 
Deus não existe! 
O diabo é que às vezes se esquece de ser mau! 
O inferno é aquecido por um micro-ondas. 
E as formigas diligentes lêem notícias sem sabor. Dizzy e Parker sabem do que fala. 
E eu não minto tanto assim. 
Naquele tempo Nina Hagen vagueava pelo Harlem e beijava todos os pretos que tinha no coração. 
Miles tinha escrito nas bochechas que a infância nem sempre é um acto saudável. 
Berry no seu “Duck Walk” olhava docemente para certas teenagers que fingiam ter “Sexteen”.
Ás vezes sentia no corpo um fato que pertence a outro, quando o dia lhe corria tal mal contrariando a mais optimista previsão do relatório do tempo. 
Era quando o vento fugia da morte e empurrava esta mania de pensar que sabia quem foi. 
E molhado por esta invenção, entregava ao deus- trará, protocolos falsamente assinados da sua presença. 
O gato de Ferlinguetti poderá testemunhar a afluência inaudita na agência de turismo onde costumava urinar. 
O calor do seu orgasmo aumentou a temperatura do deserto que foi a cama que nunca cheirou a sua solidão. 
Eram noites sem janelas onde a memória acaba por fugir. 
E assassinam gemidos de guitarra sangrando o ventre até aos dedos que só a queriam acariciar. Agarrava os blues do Mississipi e snifava o pó dos velhos “Vinyls” que podaram a sua juventude. Retornava á velha casa e beijava o som roufenho que chorava naquele velho gira-discos, só para voltar a escutar de novo aquela música.
No caminho de volta encenava estrelas e falava com todas as palavras possíveis. 
Estrelava no céu beijos agradecidos.   



,2017nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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Nina Simone • “Backlash Blues/I Got Life/Revolution” • LIVE 1970 [Reelin...

Nina Simone - Suzanne [ Live in Rome 1969 ]

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Alguém viu este gajo? #SÓ ESPERAVA A VIAGEM PROMETIDA#

 





BOB KAUFMAN (April 18, 1925 – January 12, 1986) "ACOMPANHANDO PARKER A CASA"

 


Rolling Stones- Sister Morphine (Live in Argentina 1998) Full HD 1080p 6...

CARTA PARA UM FUNERAL

 

Não sou de fazer contas à vida.
Não somos amigos.
Ela nada me deve e comigo acontece o mesmo.
Ás vezes falamos numa conversa feita de conveniências mútuas.
Raramente nos enfurecemos.
Temos um acordo táctico, tácito e hepático.
O que significa não fazer perguntas inconvenientes.
Ambos temos níveis de colesterol elevado.
A tensão alta.
A tesão elevada á máxima vontade.
O psa está como está.
Mas o exame não é do nosso agrado.
As análises confirmam a inexistência
De substâncias pseudotrópicas.
Não sei quem é mais velho.
O que fiz feito está.
Rejeito liminarmente a hipótese patética 
De mudar o que quer que seja.
Não estou para aí virado.
Não somos bons!
Mas também não há melhor que nós.
Não dou antecipadamente graças à vida.
Não sei o que ela ainda me vai tirar.
A vida é um lugar estranho.
Viver para morrer é decadente.
Não devia ser obrigatório.


.OUT.2014aNTÓNIODEmIRANDA
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Calvin Russell - Soldier - LEGENDADO - 1080p - 60fps

AS MÃOS SUJAS DO DESESPERO

 

A alegria já não mora aqui.
Partiu na onda do despejo,
e, na despedida nem sequer um bilhete deixou. 
Dorme por aí, debaixo do seu rosto de menino,
tentando abraçar fantasias privadas .
Alguém lhe envia recortes dos jornais, 
que nada sabem da sua tristeza.
Já não tem tempo para a sua idade.
Levaram-lhe todas as suas memórias.
Não quer a cadeira dourada daquele banco, 
que, dizem, continua à espera.
Ainda pensa em coisas boas para acontecer. 
Desenhar encontros.
Guardar os melhores cheiros da cidade.
Aliviar a solidão.
Mas, está tudo acabado.
Nem sequer sabe o jogo que pode
brincar.
Agita a espuma que escorre da sua boca, 
erguendo para o ar, 
as mãos sujas do desespero,
porque sempre se sente,
tão sem nome. 


2019out_aNTÓNIODEmIRANDA
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terça-feira, 28 de outubro de 2025

CIRCO SEM FIM

 


Pode o fim não ser redondo 
nem a sua vontade tão concreta 
e o desejo não esconso 
para uma vida secreta, 
apenas uma maneira de agradecer 
a um Deus
que só nas estátuas 
tem os braços abertos.



,2016,06.aNTÓNIODEmIRANDA
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ESTANTE VAZIA

 


Tinha comprado aquele livro 
para ti.

Nas páginas estava escrita 
a anomalia da ausência.

Rasguei-as palavra a palavra
e assim queimei para sempre 
o circo da saudade que já não és.

Agora tenho um novo.

Suave companhia com todos os 
sabores da respeitada 
cumplicidade.

Oferece a calma no roupão da 
solidão companheira dos 
instantes para sempre importantes. 

Segue a decepção para o ocaso 
do desprezo.
 
Certas noites embalam as 
certezas menos mentidas 
aconchegadas no abraço da flor 
sem tempo.


,2023Out27_aNTÓNIODEmIRANDA
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Grand Funk Railroad - Mark Says Alright

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

ROCK`N`ROLL ANIMAL - LOU REED (Março2, 1942 – Outubro 27, 2013) - Rock 'N' Roll - 9/25/1984 - Capitol Theatre (Official)


ROCK`N`ROLL ANIMAL

De cócoras no meu canto, retoco a vida em jeito de brincadeira várias vezes repetida. Nunca admirei os heróis com banda desenhada, nem a vergonha adequada que me impunham. Saltei outras vistas, soltei as minhas conquistas, e sabia que aquilo que esperava iria acontecer. Sou do género dos sonhadores indestrutíveis. Algumas vidas deram-me razão, outras assim que tal, muitas outras também pouco não. Atravessei os oceanos que dividiam o meu coração. Caminhei sempre de pé deixando as asas no chão. E continuo a tentar infernizar as dúvidas que não me pertencem. Só estou fora da lei, porque a lei nunca me respeitou. Emprestei a minha alma a um bom ladrão que gostava de comer couscous. Ninguém o conhecia, e alguns, desconfiados dessa mania, colaram a sua biografia numa cruz. Mau trabalho, embora publicitado nas embalagens de sais de banho. Entretanto, há uma voz que reza, que nada preza a minha vontade de voar noutras nuvens. Leio o mais que posso, sempre que não me esqueço do prazo de validade desta opção. Baixo o som da guitarra, desligo os efeitos do amplificador, e deixo que a calma chegue vagarosamente até mim. Escrevo canções para o acaso. Os caminhos do medo pensam que são a minha estrada. Pinto-os nas passadeiras com cores invisíveis para que os curiosos as ignorem. Podia desejar estar noutro lugar, mas também não me lembro. Toda a gente pensa que está feliz, naquele bar que mostra a música que os engana. Sovacos mal cheirosos, trocas de sorrisos mentirosos, um roçar de penas para sempre feridas, olheiras de sexo adiado, e, tudo é bom, não foi? 
Vamos dançar até o laço nos apertar, esperar até cansar esta ideia absurda que não assassina a nossa velhice. Vamos tirar um retrato que não minta o amor que queremos verdadeiro. Vamos endireitando o caminho que nos subtrai, arrasar o olhar que pensamos estar numa dor nunca pintada nas praias do arco-íris. E pensar que alguma vez qualquer coisa poderá acontecer. Os desejos bons cansam tanto! E as semelhanças que não nos reconhecem, não merecem qualquer respeito! Não sei o que me prometi. Toda a gente está ausente nesta corrida fora do meu mundo. Talvez seja uma boa hora. Mas o meu relógio fugiu do baile dos segundos. E corre, corre sempre, para longe de mim. Strippers domésticas, enrolam com esmero o meu pijama e dançam com toda a pompa e circunstância uma música do Lou Reed. Uma questão de bom gosto. Reconheço o baixo do Fernando Sanders trepando o “Rock`N`Roll”. Porque não nos conhecemos? O perto nunca teria de ser o infinito do longe. Todas as luzes foram apagadas e a única hipótese não passou de um concurso assombrado pela tv. E a escuridão que nos quebra, é agora uma paisagem embrulhada num outdoor olhada por transeuntes com a pressa às costas.
Há um céu onde já não cabemos, uma estrela que ignora o nosso nome e um anjo que quando passa por ela, altera a rota para outro inferno. O que fizeram de nós, vida tentada, atrevida, congelada numa carne branca que tanto nos magoou. Balouça comigo uma dança sempre estranha, mansa de cor, penteada com nós que não me pertencem.


2017set_aNTÓNIODEmIRANDA
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Bruce Springsteen - You Never Can Tell (Leipzig 7/7/13)

sábado, 25 de outubro de 2025

A TENTAÇÃO

 


Fia-te na Virgem
E não morras.
Não cuspas 
No muro das lamentações.
Rasga o Véu
Queima a Burka
Não resistas às tentações.
Reza de joelhos
Se te aprouver
Nada é pecado
E eu por acaso
Poderei ensinar-te bonitas orações.
Se te apetecer,
Há tantas coisas boas
Que poderemos fazer.





2015aNTÓNIODEmIRANDA
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AMANHÃ,SE FOR SEXTA-FEIRA

 


mOLDES _sOMBRAS
lATIDOS a fUGIR
sOU uM cÃO pENDURADO.
O mARTELO dO bATE-cHAPAS
aNUNCIA o úLTIMO pLESBICITO 
cREDÍVEL.
fALA cOM aS nUVENS nO cENÁRIO dOS oPOSTOS.
aMANHÃ,
sE fOR sEXTA-fEIRA,
uM pOETA cOMO dEVE sER,
eSPERARÁ oUTRO dIA.
&
oS pOETAS sABEM 
qUE eSTAS hORAS,
dORMEM sEMPRE
aTÉ mAIS tARDE.



2018Abr_aNTÓNIODEmIRANDA
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sexta-feira, 24 de outubro de 2025

I AM THE BLUES (www.iamthebluesmovie.com)



BLUES! JUST BLUES! 1
Um amor antigo, uma paixão permanente!
Pois… 46 anos a ouvir a grande música, deixam-me gostos que gosto de lembrar. Não tem qualquer interesse estar para aqui a contar quantas vezes tenho ouvido, cantado e tocado, à minha maneira, esta canção. O tempo vai rolando e tenho tido o devido cuidado de não atrasar a sua eloquência. Mantenho uma vontade feliz de continuar a abrir as gavetas do meu armário, só possíveis com uma desarrumação inerente à minha permanente disposição de amar esta música. Porque gosto, porque sei, e porque sobretudo respeito. Aqui, nesta grande música, não aparecem grandes palavras, nem acordes trabalhados até à banalidade. Estamos a falar, e exijo que saibam, que estamos a falar de pessoas que na generalidade não sabiam ler nem escrever. Mas, porra! Alguém terá mais alma? Para mim é um acto natural falar e gostar de BLUES! Entendo a todo o momento o seu sentimento. Também eu não ocupei qualquer assento da faculdade, andei a estudar para padre, mas fiquei com pouco mais do que a 4ª classe. Não, não é nenhum disfarce. Outros ventos alheios à minha vontade navegaram um vento contrário à minha maré. Bom! Moinhos parados não movem águas, e eu, não levem a mal, há muito mijei essas angústias. Estamos a falar de BLUES, esta música, que eu com o meu irmão Tomás e o nosso grande amigo, António Salomão, ao longo de 46 anos, vamos bebendo. Desde muito novo quis provar outro sal. Fui procurá-lo. É certo que não tive a noção do medo, nem poderá dizer-se que foi uma questão de coragem ou necessidade. Aconteceu porque eu sou assim, e depois, como sempre, continuo a aprender. Honestamente confesso, que frases como “I`M IN TROUBLE WITH MYSELF”, despertam uma cumplicidade que me satisfaz. “I´M GONNA LEAVE MY BABY”, acontece .“DARK CLOUDS ROLLIN”, é sempre um princípio. Gosto! Gosto muito de BLUES! Gosto tanto que quando toco, sei perfeitamente que eles também gostam de mim. Por isso, continuo a não conseguir tocá-los sempre do mesmo modo. 
Vou continuar a amá-los!
Mesmo que continuem a fazer parte da minha miséria.
É esta música triste, como costumava dizer a minha mãe, que ouço todos os dias. Não me canso.
WAKE UP IN THE MORNING I GOT THE BLUES ON MY MIND”!
Um amor antigo, uma paixão permanente!
Mal ainda eu vim  Ao mundo
Já me chamam Vagabundo
Já me mandam Trabalhar
O patrão está à minha Espera
Não houve tempo para a  Escola
Não tive dias para Brincar.

2016_aNTÓNIODEmIRANDA
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The Rolling Stones "Emotional Rescue" 1980 Bill Wyman - 24 Outubro 1936

OS BRANCOS TRAÇOS QUE INVADEM O PALÁCIO DA BELEZA (com a prestimosa colaboração da Ana).

 


A Ilusão vai começar.
                Até Porque Um Dia 
Não Caberemos Cá Para Engolir Lixo 
Em Ansiosa Harmonia.
                E O Sangue Da Inquietação 
Bebido No Cálice Do Silêncio
Tranquiliza a Transfusão Falhada. 
                Delírio Degustado 
No Motel Das Exibições Impostoras.
                Menu Bolorento 
Fixando O Sorridente Vazio 
Na Escada Para O Inferno.
                Alvoroço Incontido
Desordenando A Memória
Numa Cronologia De
Ébrios Protestos.
                Horizontes Perversos
Navegam Na Calda Das 
Ingenuidades.
 
Podes Ouvir, 
Antes De Rasgar O Sonho,
Os Brancos Traços Que Invadem 
O Hospício Da Beleza.


2025Out_aNTÓNIODEmiRANDA
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PARA QUE CONSTE ! A importância aqui, é mesmo relativa.


  1. DETESTO AS PESSOAS QUE CONSTANTEMENTE PEDEM DESCULPA. ESSAS SÃO AQUELAS QUE NORMALMENTE REPETEM A ASNEIRA.
  2. ESTOU FARTO QUE ME OFEREÇAM AQUILO QUE NUNCA ME PODERÃO DAR.
  3. NADA PEÇO A UM RICO. A DIFICULDADE QUE ELE EM DAR A MINÍMA COISA, É INFINITAMENTE MAIOR QUE A MINHA NECESSIDADE DE RECEBER.
  4. SIM ! CLARO QUE SOU DIFERENTE ! TENHO GASTO ESTE TEMPO A ALIMENTAR ESTA IDEIA. NUNCA CONCEBERIA A MINHA EXISTÊNCIA DE OUTRA MANEIRA.
  5. ÀS VEZES FINJO NÃO OUVIR. QUASE SEMPRE NUNCA ESQUEÇO. E A QUEM ME PEDE DESCULPA, SEMPRE RESPONDO : NÃO SE PREOCUPE, ISTO NÃO SE VAI REPETIR.

2014.antóniodemiranda
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CAN - Future Days ( com poema de AM)


FUTURE DAYS

Já começo a ouvir vozes estranhas.
Falam dos dias do futuro, mas sinto 
que estou a perder a cabeça com tantas desculpas 
que tenho para escrever. 
Nada escolhi de errado e sinto-me incomodado 
pelos sorrisos que pretendo recusar. 
Está tudo tão errado nesta pressa que em mim caminha 
e estes sons estranhos que se entranham na pele, 
correm pela estrada fora, como se fossem meus. 
É o corpo que me arde nestes dias cada vez mais esquisitos, 
e os medos que pinto nas paredes que me cercam, 
neste modo aborrecido, acalmado pelos uivos da guitarra. 
Eu que nada compreendo deste sussurro de tambores 
que enchem a noite do meu último sonho. 
E a lua que chocalha o meu pensamento, 
embrulhado num cocktail de garrotes, 
lá naquela montanha de dançarinos pintando o céu. 
Estou metido nestas ondas beijadas por calmas sereias, 
que juntam na minha mão, pérolas dos olhares que julgava ter perdido. 
Ei, não sei onde fica o lugar onde estou, 
mas nesta música ouço trombetas de pessoas agora felizes. 
Não sei se o paraíso é possível e se será este 
o clamor da orquestra dos anjos. 
Estou pronto para qualquer momento, 
e penso que irei achar o caminho. 
Não poderei continuar a resistir à tristeza 
e debaixo deste nível, nada existe. 
Nesta valsa compassada em cascatas, 
talvez a minha alma possa ser reanimada 
e a minha certeza realizada. 
Não digo que não, eu sempre acreditei nos momentos diferentes, 
mais dia, menos dia, não é isso que me interessa. 
Faço o que sinto, embora digam que é da maneira errada. 
Mas eu sei que tudo o que vejo poderá estar
nas mãos de uma criança e isso torna muito mais fácil 
a ideia da esperança. 
Mas o que fazer dos dias futuros? 
Estou a ouvir CAN.
Vi esta banda há muito tempo num concerto em Lisboa. Anos mais tarde, cumprimentei o Damo Suzuky na ZBD. Não falamos muito. 
Velhos conhecidos não são para essas coisas. 
Olhamo-nos com o sorriso dos caracóis celestiais.
Estou a subir as escadas agarrado a um espelho que me mostra o sítio.
Dizem-me sempre para ter cuidado, 
aqueles que não escutam esta música.
Não sei se vou cair, mas não tenho medo.
Chegam-me sons ritmados, 
como se fossem convites ilustrados na viola do Michael Karoli.
Sinto-me vivo nesta loucura de constante procura, 
onde delicadamente me corto nestes timbres alucinados 
que me fazem dançar.
Estou louco!
Embora só de vez em quando.
Tudo tenho a ganhar.
E isso eu quero aproveitar.
Que se foda o juízo!
É disto que eu preciso.
Poderia fazer outra coisa.
Mas não me apetece.



2017,jul_aNTÓNIODEmIRANDA 
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terça-feira, 21 de outubro de 2025

SONETO DO AMOR AUSENTE

 


De ti me fica a lembrança
Do amor por nós não entendido
Do tempo sempre sofrido
Passado nas ausências da esperança

Nesta estranha forma de dança
Mais do que eu, triste é o meu fado
Que se perde no beijo desesperado
Escorrendo do tempo a mudança

Foi-se a hora da paixão
Gasta nos abraços clandestinos
O que nos uniu foi o fracasso

Feito no engano da ilusão
Nos abusados desatinos
Num amor tão breve e escasso



Jul03/2006,aNTÓNIODEmIRANDA
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SOSSEGO

 


        Velha fraga 

escondida

        Enternece 

com o olhar

                                              O voo 

                                                        de quem a procura

,2017nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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quinta-feira, 16 de outubro de 2025

JÁ SÓ VIVO NO SILÊNCIO DAS DATAS MENTIROSAS

 


Prometia-te o paraíso, 

Mas não sei onde fica 

O armazém das manhas.


No fugaz banquete do tempo

Um sussurro atrevido 

Aconchega-se no hospício da fatalidade

Aguardando a chegada do frio da vida.



Agora que o infinito perdeu as asas

Nada mais terá significado



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PORTA-BAGAGENS DAS FALSAS NOTÍCIAS

 




Cidade morta 
e o mundo a correr 
para longe de mim.

E eu já farto das penitências 
em vias da purificação.

Alma fria 
barbeada nos olhares da solidão 
qual doce flor do cheiro abandonado 
regado com lágrimas anoitecidas 
na inquietação do tique taque do relógio.

Espera por mim 
na memória de todos os dias.

Tenho sorrisos para ouvires 
trazidos pelo relatório das horas faustosas.





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quarta-feira, 15 de outubro de 2025

ESCADA PARA O PARAÍSO

 


Juntou-se 
a fé 
à 
perseverança

Os sinistros 
demitiram-se






2025Out_aNTÓNIODEmiRANDA
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VEMO-NOS NOS SONHOS

 


                            Ai 

                                    Quem 

                                                                Me 

                                    Dera 

        Deixar 

                                    De 

                                            Ser 

                Como 

                                    Não 

                                                        Era




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domingo, 12 de outubro de 2025

A ÚLTIMA VOLTA

 


Deixa algumas memórias estendidas na moldura das saudades. O longe, torna-se assim o lugar de tudo, e o imaginável a realidade possível. Ontem de manhã não foi dia para lembrar. A cama não saiu do deitar e o sonho que me lavou fugiu num absurdo passeio para o manhoso desaparecer. Clandestina nunca foi muitas vezes a sua presença. 
avisando atempadamente a presença das dores da esperança mal vindimada. 
Toda a gente deveria ter uma história mesmo que fosse a mais fraudulenta das páginas. 
Atado neste holocausto, quantos choros terei ainda de sustentar? Haja um anjo de asas subtis que entregue um voar longe do abandono.
Sorridentes “hijabs” encobertos por maliciosos olhares escrevem um “olá” na passadeira das ilusões. 
padece na interminável agonia, persignando-se com água benta no grande desastre da humanidade. 
sabes tu que não resistirei mesmo que a promessa apareça na espera dos braços caídos. E o lugar que me ofereces nada mais é do que o asilo das agruras repetidas. Deixaste-me sem nunca me abandonares. 
Terei sempre um beijo para te esperar, admitindo que as negras lágrimas continuaram a bailar na tua hipocrisia. 
é uma traição só porque imaginei que o céu seria um piquenique da “fast-food”. 
(Bem cara me saiu esta marosca). 
Deverá haver por aí alguém à procura dos sonhos que rasguei. Não tenho outro modo de esconder aquilo que de mim vou esquecendo. 
escrevo desejos vividos na ficção que realizamos. Breves sorrisos, instantes coloridos passo a passo num custo aligeirado por cumplicidades impossíveis de rejeitar. Sou como eu e a mais do que isso nunca me obrigarei. O respeito tal como o gostar serão sempre verbos sagrados. Frágeis são todos os momentos verdadeiros
(A Janis Joplin deixou um grito no meu bolso). 
Tanta estrada sem qualquer sentir que nos convide. 
mas nunca alguém deixou de pensar que era eu o maior dos maltrapilhos.
mas o perdão entregue é a canção que já não me seduz. Não sei! Juro que não imagino o sangue que me quer oferecer. Ó Deus, mãe de todos os pecados, reza mesmo assim pela malvadez que impregnaste. Meio inteiro - morto aos bocados - vinha de soluços, e o que sobrar salteado alegremente no carrossel das ideias não complicadas. 
(O render da guarda, pede urgentemente a mudança de palhaço).
Já não gosto do tempo que me gasta. A mentira já não dorme neste hotel. O lugar que levo ainda se vai lembrando da batoteira astúcia que assinámos, como se outrora fosse unicamente uma lembrança esquecida. 
E as balas voavam como se fossem lágrimas de sangue
mas lembra-te que a infâmia já não encontra a minha cabeça.






2025Out_aNTÓNIODEmiRANDA
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quinta-feira, 9 de outubro de 2025

OS OLHOS QUE MOLHAM ESTE JEJUM

 

& entenda-se isto 
como um juramento não solene.
Só quero o que me é devido e mesmo se tal acontecer 
não posso prometer que chegará para abraçar 
os sonhos que me queimam o acordar.
Estou atento ao beijo do despertador 
sempre que ele me sopra um dia diferente.
Kerouac dorme no meio do livro que me embalou.
Ginsberg apagou a luz
& Ferlinghetti aguarda sorridente
o momento para me abraçar 
no sono do anjo feliz.
Estou contentemente cansado.
Ousado e com vontade de acordar
sem limpar os olhos
que molham este jejum.

2017marçoaNTÓNIODEmIRANDA
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FADO DA CHUNGARIA

 


Se uma gaivota cagasse 

na cabeça do Presidente 

talvez o povo acordasse 

num presente menos indecente

Que perfeito pontapé

o Primeiro levaria

neste momento sem fé

perante tanta chungaria

Quanta plena satisfação

aquele acto nos traria

minha gente está na hora

de mandá-los pregar para outra freguesia 


,2024Out_aNTÓNIODEmIRANDA
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domingo, 5 de outubro de 2025

PARA NÃO DIZEREM QUE NÃO FALEI DAS FLORES

 


Inútil desenhar sonhos pintar sorrisos e evitar olhares.
Lembro-me de tudo o que quero e logo desejo que a memória não fosse senão uma vaga ideia. Olho-me e revejo tempo passado em obrigações fúteis que preenchem o vazio que sou. Não sei remar nesta maré e odeio a teimosia deste barco me leva sempre ao mesmo ancoradouro. Derroto-me com sabores de vitórias e abusivamente optimista, espero. Aguardo dias diferentes emoldurados com flashes de recordações. Fujo. Despeço-me sem partir, chego sem nunca estar presente. Jogo o mesmo jogo num projecto de vida que não passa dum casino (e aviso que o meu cu não é uma slot machine). Sou violado observado controlado analisado etiquetado limitado.
                     LENTAMENTE
Como se o vento fosse meu amigo, escondo-me em sorrisos de circunstância.
Caminho ao acaso no meio de gente ausente.
Solitário, na paz do jardim das árvores brancas, decoro epitáfios e sorrio lágrimas solidárias às flores de plástico.
Pele & ossos!
Uma mão cheia de tudo a outra cheia de nada. (esta imagem não me é estranha).
Tu, tu que sabes tudo da tristeza do mar,
Tu
Tu que sabes tudo do exílio e dos seus sabores, ajuda-me a encontrar o caminho da amizade verdadeira.
Fecho este lugar sem portas, abraço o cheiro das suas ausências beijo memórias e guardo, guardo secretamente lágrimas de 
                                                   RAIVA
Perdido nestes passos sem volta,
adio a viagem desejada. Atento á traição das palavras, alheio-me frequentemente do seu significado. 
Finjo que ouço mas não esqueço.
Então, acontecem as memórias 
que se estendem pelo mar da desilusão.
     O OCEANO NÃO CHEGA PARA ME AFOGAR!
Respiro naturalmente o meu próprio nojo. 
Sorrio risos cúmplices e cansados 
com hálitos de tabaco e álcool. 
Hesito sem convicção e não resisto.
Agarro a vontade, pego na caneta
e ritmo palavras ao som do blues
proveniente do teclado.


COMO SE FOSSE POETA...


95.AGO.08,aNTÓNIODEmIRANDA
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quarta-feira, 1 de outubro de 2025

FARSA

 


Há ainda quem teime em chamar-me 

de  poeta

Nem mesmo deus sabe 

como dói a angústia dessa farsa


,2022Out_aNTÓNIODEmIRANDA
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