A beleza passava sempre ao lado.
No bornal da fome,
No bornal da fome,
ilustrado com fotos da terra dos sonhos caídos,
vadiava a angústia de todas as horas.
Martelava a saudade no banco
Martelava a saudade no banco
da estação de Santa Apolónia,
e escondia o regresso no miolo da broa,
tão dura como a sua solidão.
Sabia de cor todos os horários,
Sabia de cor todos os horários,
que um bilhete certa vez sonhado
no único sono bonito lhe prometera.
Na camarata, lia às escondidas,
Na camarata, lia às escondidas,
postais tristes que nunca teve coragem
de meter no marco do correio.
A manhã seguinte,
A manhã seguinte,
era o único castigo que o mantinha por cá.
E a navalha,
E a navalha,
a sua fiel companheira,
só se deitava após o seu adormecer.
Na enxerga,
Na enxerga,
nunca houve lugar para sonhar.
2018Set_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
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