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quarta-feira, 1 de junho de 2022

"RED LABEL"

 

Fiquei sem os máximos e desenhei borboletas no escuro da estrada, para que os saltimbancos do Picasso as fossem pintar. 
Tenho uma certeza que me corrói.
Ninguém respeitou a minha arte!
Aguardo a pequena esperança de que algum grilo, mesmo mal falante, as tenha guardado.
Pelo menos a Taschen teria assim uma boa hipótese para as dissolver.
De qualquer modo, ainda me soa no ouvido a música tocada pela Kina e o Angel junto às muralhas do castelo de Sines. Depois do caril de amendoim, de uma dose de moelas, ambas sobre o efeito do microondas, uma Red Label do Johnnie Walker fora de prazo, comprada nas bombas de gasolina, alguma coisa boa tinha de acontecer.
Não há gelo que me salve e confesso que começo a ficar enjoado do meu cheiro pestilentamente impregnado de "Penistil".
A vida é dura. E as melgas fazem questão de o comprovar com assíduas vinganças na minha delicada pele. 
Penso que não admiram um homem interessante.
Não compreendo este motivo.
E tenho marcas que o provam.
A verdade é que ando a mijar há 61 anos e ainda não molhei a humanidade.
Está uma noite com um grilo no jardim a fazer o "check sound" para o concerto de amanhã.
A coisa promete. 
A entrada é livre e ele cumpre escrupulosamente o horário da actuação. 
Aceitei comovidamente o seu convite.

Melides,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA

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