vou-te escrever uma carta
uma carta que não conta nada de ninguém
uma carta que te ouve mar
para que tenhas atenção ao que é de ter atenção
escutaste o coração?
porque se o escutaste saberás do que ele te bateu
a existência
feroz
sem missivas nem céus a caírem-nos na cabeça
desfeita a linguagem das almas ergue-se numa flor
murcha a estrada é uma maçã que deseja a tua boca a levantar-se peito
uma marca funda de tinta preta instalada nos músculos
atrofiados os gestos cantam lamentos sem fronteiras
é esta a carta violenta das pessoas que só querem pensar
sozinhas
não é esta a carta que te queria escrever
a carta que quero não se escreve
a carta é humana
e rasga-se no papel
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