A pele estica-se fora da dor,
fugindo do sangue atropelado
pela lama da vida.
Tenho na mão
o hálito salgado
dos tempos morridos
desta espera constante.
Não posso pedir ajuda
a esta importância que me julga,
neste cambalear
com que embalo o meu vazio,
pensando iluminar as agruras
onde tanto me desanimei.
Estendo sorrisos
como se a eles alguém acenasse
e assim me envolvo em bolhas de cotão.
Vou passando em todas as ruas
como a areia do deserto
que sobrevive à falta da mais pequena ternura.
Chego sempre cansado
demasiado cansado
carregando o peso da minha ausência.
Descalço o olhar
escondo o desejo
alisando a memória
nas ilustrações esbranquiçadas
da minha ilusão.
Infinito é o bocejar do meu passado
feito com o polimento das pedras
que me atiraram.
Continuo apartado.
...depois de todo este tempo.
,2017jan_aNTÓNIODEmIRANDA
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