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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

A TAXA DA SOBREVIVÊNCIA CONTINUA A ENRUGAR

Propuseram-me sempre o caminho certo. 
Limitei-me a seguir as curvas que o enganavam. 
Nunca fiz batota nesta mesa. Desfiz todos os bluffs. 
Cresci numa cidade da província e ganhei todos os jogos da infância. 
Fui toureiro, imitação de padre, e, para a idade, um bem sucedido chavalo de negócios, (razoavelmente pago), na actividade de acólito de funerais. 
Vou mantendo com a vida o duelo sempre pronto a derrotar-me. 
Mas, mais rápida que o disparo, continua esta vontade de não desistir. Não cultivo o acto de perdoar, muito menos o lamento da falta de coragem. 
Agora que estamos sós, isto é, eu comigo mesmo, chegou a hora de dourarmos o cadáver e entregar as balas na repartição de finanças. A taxa da sobrevivência continua a enrugar.

2018Dez_aNTÓNIODEmIRANDA

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