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quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

A GAIVOTA MORREU PASMADA NO AREAL

Agora sou um apêndice a descansar na prateleira x de uma qualquer estante no museu nacional da ternura amiga. 
Sou mostrado em aplicações com detalhes da minha não autoria. 
Uma relação sem causa nem efeito. 
O que condiz comigo não tem qualquer avaliação. 
Sou agora a espécie com agente de todo o tempo sem verdade, escrevendo os dias difíceis aparamentados nos corredores onde não tenho lugar. 
Tudo é tão longe nestas selfies mal paridas com que pensamos ilustrar a saudade que já não nos pertence. 
O mais que nos interessa não passa de um lugar onde penduramos desejos, um foyer descamisado com um cabide com o número previamente determinado.
Convite de uma promoção tão enganosa como a falta de interesse com que nos esquecemos. 
Voltem sempre, é o habitual agradecimento daqueles que fazem de nós pacóvios. 
Esta é a viagem inútil, do imenso roubo que nos dobrou a espinha, tornando-nos fantasmas sem a alegria da ficção.
Oh terra minha, que tanto me atraiçoas, não me consideres ainda tua pertença. 
Não posso cantar-te nem nos cânticos paridos com prantos de alguém que gentilmente ousou acreditar em ti. 
Nada sei do teu carma, nem do marujo que o enterneceu.
A gaivota morreu pasmada no areal.


2016,11aNTÓNIODEmIRANDA

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