Agora sou um apêndice a descansar na prateleira x de uma qualquer estante no museu nacional da ternura amiga.
Sou mostrado em aplicações com detalhes da minha não autoria.
Uma relação sem causa nem efeito.
O que condiz comigo não tem qualquer avaliação.
Sou agora a espécie com agente de todo o tempo sem verdade, escrevendo os dias difíceis aparamentados nos corredores onde não tenho lugar.
Tudo é tão longe nestas selfies mal paridas com que pensamos ilustrar a saudade que já não nos pertence.
O mais que nos interessa não passa de um lugar onde penduramos desejos, um foyer descamisado com um cabide com o número previamente determinado.
Convite de uma promoção tão enganosa como a falta de interesse com que nos esquecemos.
Voltem sempre, é o habitual agradecimento daqueles que fazem de nós pacóvios.
Esta é a viagem inútil, do imenso roubo que nos dobrou a espinha, tornando-nos fantasmas sem a alegria da ficção.
Oh terra minha, que tanto me atraiçoas, não me consideres ainda tua pertença.
Não posso cantar-te nem nos cânticos paridos com prantos de alguém que gentilmente ousou acreditar em ti.
Nada sei do teu carma, nem do marujo que o enterneceu.
A gaivota morreu pasmada no areal.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
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