Tenho um rio que fala comigo.
Por vezes oferece-me palavras desavindas,
e finge que me molha, quando pensa que não estou atento.
Tenho a sorte desta amizade,
mesmo quando o invado com esta mania da poesia.
Tenho um rio que nunca chega atrasado
ao cais, onde sempre imagino a sua chegada.
Escreve nas folhas que lhe estendo,
com uma caligrafia cuidada,
nuvens de apreço total.
Por vezes, navego nele,
nesta velha barca feita com a minha pele,
para não o magoar.
Então desenhamos rodopios de ternura,
bebidos no perfume da reserva especial.
Decantamos abraços
Como é devido
A tanta consideração.
,2017dez_aNTÓNIODEmIRANDA
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