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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Labirinto

Labirinto
 
Labirinto absinto o que sinto
se não uso cinto ?
pinto ‘ minto ? tinto ?
reflexão ? introspecção ? inspecção.
a sensação da ilusão de sentir a tua mão
dizer não
da exaustão
do telefonema do esquema...

do eczema do cinema
da azia da bacia vazia
que não fez mas que fazia
da atenção da tensão
do tesão
da necessidade da solidão
do sorriso compromisso comprimido
medido calculado catalogado
etiquetado menstruado rotulado
fabricado enganado enganador
do amor sem calor congelado
na memória não mais que recordação
da derrota ?
da vitória ?
do erro do medo
do fantasma do plasma
do antidiálogo do antitudo
porque nada terá de ser como é
da mudança da dança
da inconstância da importância
do porquê do crer do não saber
e continuar a querer
viver para morrer
esperar até fartar
não se sabe de quê
se da utilidade da insanidade
da impotência mesmo mental
da visita necessária ao psiquiatra
que já se tornou normal
direi mesmo elementar
embora aborrecida como pagar isto e aquilo
mais o imposto a aumentar
da mensalidade do trespasse da casa de passe
passe por favor estou com pressa
o porquê não interessa
talvez para continuar a ensaiar a decorar
esta miséria do quotidiano
este quotidiano miserável
que teimamos chamar de vida
sabendo dia após dia
que não passa duma peça.

Fev.84antóniodemiranda

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