Todos os santos dançam ao contrário nos caminhos cruzados
que lamentam a sua existência.
Enchem ninhos escuros
e perturbam a leitura dos mochos.
Convivo bem com os sons do silêncio
e facilmente me alegro com o bailado das estrelas
que ilumina a minha sombra.
Uma coragem descalça floresce na minha cabeça
com rega não automática.
Navego neste canal comandando uma barca apressada
e espero estendido num pano de bilhar
uma chamada pré combinada.
Meto na boca sementes inférteis
e cuspo balas da mais pura imprudência.
Ato os desacatos e entrego-os na estação dos correios
perante o sorriso habitual da senhora do balcão 4.
Até à próxima.
É o que costumamos dizer.
Volto à barca, lubrifico a decência,
embalo a vontade com o mais atrevido laço.
Endireito o caminho e cambaleio sonolências.
Ainda não sei para onde vou.
Os tempos já não são o que eram.
Certos frios na minha espinha estão
sempre a lembrar-me.
A morte é um acto incorrecto.
2017,ago_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
#SÓ ESPERAVA A VIAGEM PROMETIDA#
Editora volta d´mar_2018
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