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domingo, 5 de janeiro de 2025

POEMA PARA O SENHOR EUSÉBIO

 


#DEZEMBRO E OS OUTROS TEMPOS#_A TESE _ILUSTRAÇÃO da Sandra Filipe

 





EXIBIÇÃO TEMPORÁRIA

 


pequenas 

peças 

do 

meu 

pranto




,2022Fev23_aNTÓNIODEmIRANDA
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DESLIGOU A TELEFONIA DOS SONHOS MENTIROSOS

 


Olhar desengonçado como se espremesse 
as borbulhas do tempo que não conseguiu alinhavar 

                    Barbeou os desgostos numa espuma fálica 
                    que ensurdecia o trautear dos conhecidos 
                    e pisados fantasmas 

                    Afastou a hora da velhice 
                    que só queria distrair o sentir de penas feito 
                    (E assim manipulava a sinfonia desafinada) 
                    resgatando o pecado entregue pelos medos 
                    das próteses celestiais

                    Vomitou todos os futuros trapaceiros

                    Desligou a telefonia dos sonhos mentirosos


,2021Dezembro_aNTÓNIODEmIRANDA
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MOLDE

 


- Por vezes encontro os cem pedaços que de mim se escondem numa algazarra tão teimosa que entorna o mar que abraça o medo. 
- Tento reuni-los para uma festa divertida mas assumo que há ocasiões em que a colagem não funciona. 
- Perco a ideia mas não abandono a intenção de coleccionar cromos que vão completando a caderneta da minha vida airada. 
- Talvez num acaso não propositado alguns regressem para me fazer companhia nesta mania de caminhar mas continuo nada interessado em definir qualquer propósito para o pintar, até porque me alheio facilmente das tabuadas que me fazem contas erradas. 
- Encaro o imprevisto com o mútuo respeito que vamos mantendo ao longo destes anos. 
- Muitas vezes não sou só eu em mim e isso será a medida mais interessante para a ideia que pretendo. 
- E ensaio a peregrinação, lado a lado com esta candeia continuando a espalhar páginas de um diário que me absolve de todas as exactidões. 
- Conservo o molde mais simples, aquele que não complica o nada. 
- E não discuto outras opções.



2017marçoaNTÓNIODEmIRANDA
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MISERY DAYS

 


De cada vez que me lembro de voltar de mim, 
há abraços perdidos neste tempo 
às vezes desconfiado.
Junto todos os restos 
num monte desenfreado 
onde transbordam sabores enfeitados 
que enrolam estas memórias.
Nestas linhas inclinadas 
desce uma sombra conselheira 
para os maus bocados vividos 
em tons de prazer.
Encosto-me a folhas caídas 
no doce odor desta erva 
que perfuma o meu olhar.
Amasso os passos que me fogem,
arredo as cortinas da janela 
com vistas para outras coisas,
e beijo a alma da ausência 
com lábios carnosos.
Continuo a desconfiar desta conta 
que me confere sempre um saldo miserável.





,2017,abr_.aNTÓNIODEmIRANDA
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sábado, 4 de janeiro de 2025

André Clemente _2025 Obrigado pelas fotos. (SEC`ADEGAS) * A MORTE É UM ACTO INCORRECTO

 






Todos os santos dançam ao contrário nos caminhos cruzados 
que lamentam a sua existência.
Enchem ninhos escuros 
e perturbam a leitura dos mochos.
Convivo bem com os sons do silêncio 
e facilmente me alegro com o bailado das estrelas 
que ilumina a minha sombra.
Uma coragem descalça floresce na minha cabeça 
com rega não automática.
Navego neste canal comandando uma barca apressada
 e espero estendido num pano de bilhar 
uma chamada pré combinada.
Meto na boca sementes inférteis 
e cuspo balas da mais pura imprudência.
Ato os desacatos e entrego-os na estação dos correios 
perante o sorriso habitual da senhora do balcão 4.
Até à próxima.
É o que costumamos dizer.
Volto à barca, lubrifico a decência,
 embalo a vontade com o mais atrevido laço.
Endireito o caminho e cambaleio sonolências.
Ainda não sei para onde vou.
Os tempos já não são o que eram.
Certos frios na minha espinha estão 
sempre a lembrar-me.
A morte é um acto incorrecto. 


2017,ago_aNTÓNIODEmIRANDA 
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#SÓ ESPERAVA A VIAGEM PROMETIDA#
Editora volta d´mar_2018




sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

#DEZEMBRO E OS OUTROS TEMPOS#_TENHO UM BLUES NA MINHA CABEÇA

 





E NÃO SE ACEITAM RECLAMAÇÕES!

 


Talvez seja tempo de iludir a realidade, fintar a ilusão da vida e com um golpe de rins salvar o que ainda me resta depois deste naufrágio.
Encharco-me de álcoois, vitaminas venenosas e abraço ilusões com doses temperadas de desgosto. Esgoto a publicidade com chupadelas ávidas dum sabor diferente. Piso os caminhos da memória num arco-íris de delírios e sorrio sofregamente manias de alegria. Onde está a minha sombra? Valerá mesmo a pena remar contra esta maré sempre vazia sempre nua e fria, onde afogamos ondas de optimismo? Os sorrisos cúmplices perdem-se rapidamente nos tragos amargos das derrotas.
Mentalidades sifilíticas!
Orgias de estupidez abusivamente declarada.
A vulgaridade deslizando sinuosamente entre coxas de responsabilidade anónima limitada ao preço dos casacos de peles, da minha pele e do meu nojo enjoado. Perfumes enganadores. Leites da colónia da cópula. Publicitem com a devida antecedência a próxima fornicação celestial. Bílis delinquente: não bastava ser o meu coração o guerrilheiro do amor. Envolvimentos misteriosos na sombra da noite, dos amantes fugitivos.

ANJOS SAÚDAM-NOS COM OLHARES BENEVOLENTES.

Boa sorte. 


aNTÓNIODEmIRANDA
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EFEITO TV

 


Boa noite!
Muito prazer.
Eu sou o Antigo.
Já nos conhecemos?
(Perguntou ela)
Sim!
(Disse eu)
Você na Tv
e eu do lado de fora.
Desculpe,
mas eu não me lembro
de você
Sorri dizendo-lhe:
eu também não!
É o efeito de quem não vê.
Contudo,
agora não me é estranha
a sua forma de pin up
da embalagem do detergente
TIDE







,2016,04aNTÓNIODEmIRANDA
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E TU

 


E tu

Tinhas tanta vontade

Uma esperança sem fim

Que julgavas

Faria um mundo melhor

A culpa não foi tua

Havia então coisas diferentes

Que manchavam aquilo que querias

Com coordenadas tão tortas

Que feriram sempre 

A tua mais nua intenção

Mas tentaste

Tiveste a ousadia para amar

Uma coragem amargamente 

Assassinada


2016,03_aNTÓNIODEmIRANDA
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É POUCO O QUE FAÇO DA VIDA

 


Guardo no lenço uma memória endividada, uma constelação mentirosa e um tinteiro com palavras magoadas.
Tenho um chão sujo sons nojentos nos ouvidos, nas veias zumbidos e um amanhecer que em nada me enternece.
Tenho o relógio de ponto para picar, estúpidos para cumprimentar, mensagens mal-intencionadas para apagar.
Subo as escadas, pé com dor, estou farto das conversas de elevador e bebo a angústia num copo de plástico despejado da máquina automática, pela módica quantia de 50 cêntimos.
É pouco o que faço da vida.
Mesmo assim ela não o merece.


,2016,06.aNTÓNIODEmIRANDA
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