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sexta-feira, 12 de abril de 2024

SEREI O TEU ESPELHO

 Brilham sinos na minha sede neste chegar sempre atrasado ao amanhã que nunca me acontece. Eu sou o teu espelho diz-me a voz que me quebra o coração. Não passas de um palhaço, contam-me os sons que todos conhecem. Aparece com a tocha da realidade apagada e abençoa-me com 2 pecados que só tentam fugir de mim. Risca nas minhas costas 1 jogo de adivinhas. Eu um crónico perdedor de tudo o que me diga respeito. Nada percebo desta fatalidade e isto é somente uma intuição que desprezo. A beleza nunca esteve presente nesta turbulência. És a minha heroína mas eu nunca quis o teu convite. E nas fatias recheadas com vómitos que me entregas, corro para o sofá cansado, tentando não pisar as gotas que abandonei no espelho. Talvez houvesse um tempo em que os teus olhos não exibiam um escuro preocupado. Não sejas a minha sombra. Procura o teu homem nas esquinas gastas nas longas esperas, arranhadas pelas costuras das meias de vidro e mostra-me as malhas tresmalhadas. Nada sei das palavras fáceis nem do vazio do seu significado. Todo o tempo mal ocupado nos torna mais pequenos e há que cuidar muito melhor da inoperância das nossas almas. Corre para lado nenhum, junta-te à sereia dos cânticos com manhas, piscando um olhar falsificado para a tua importância. Serei o teu espelho. Está escrito no anúncio colado na sua cauda. Se estiveres nas manhãs dos domingos enfeitiçados, levar-te-ei à clínica dos sons sem cheiro a pipocas, e naquele écran só nosso poderemos contar lágrima a lágrima as palavras que fugiram das nossas folhas. Fica tão longe este devagar, duramente estrangulado nesta fivela infiel. E continua a riscar memórias congeladas em tons de snack.


,2017ago_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com




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