A minha memória é uma vagabunda e eu sou um desvairado sem eira, sentado à sua beira, sulfatando delícias enquanto vai bebendo o meu sangue.
Está sempre pronta a abusar da minha alucinação.
Bailámos esta andança nas recordações não devolvidas.
Estamos cansados de esperar a passagem da nuvem que só viaja em banho-maria.
Temos o manjar preparado, mas ainda não fomos convidados para o festim, onde só entram estranhos com fatos de gala alugados.
A minha memória é uma vagabunda.
Está sempre pronta para me trocar por realizadores com outros filmes.
Mas há cenas em que já não sou bem-vindo.
Tenho fome da sua saudade,
embora tente fingir que não a sinto.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
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